Por Luh Pires
Em meio a tantas tragédias com tombamentos de caminhões de frangos e porcos que aconteceram nas últimas semanas, onde os animais são saqueados ali mesmo, sem chance de serem resgatados; em meio ao descarte dos Bois de Forquilhas em São José (SC); e de tantas pessoas que não oferecem sequer um prato de ração, água ou uma casinha comunitária para um cãozinho abandonado em sua rua; um ativista da cidade de São Francisco de Itabapoana viajou mais de 800 km entre ida e volta num translado de mais de 15 horas para resgatar um porquinho que havia sido atropelado e abandonado numa poça de água em Vaz Lobo (RJ).
Pessoas próximas ao local fotografaram e postaram o caso numa página do Facebook que acabou gerando indignação e diversos compartilhamentos. Consternados, um grupo de ativistas que prefere se manter anônimo para proteger suas estratégias de ação por todo o Brasil decidiu agir. Uma das envolvidas foi Daniela Spallanzani que pagou a passagem de ida para que o segundo personagem entrasse na história. Não é a primeira vez que o ativista Camilo Jose Apresentação percorre o Brasil em busca de animais de todas as espécies – ele mesmo não gosta de tornar isso público – só que desta vez, o resgate chamou muito a atenção pela abnegação e disposição em viajar subitamente para um local tão distante, mesmo sem saber se o animal ainda estaria vivo ou se mesmo não havia sido saqueado por carnistas.
A terceira envolvida no caso é a ativista Merielen Sabaini que monitorou a localização exata do animal e fez os contatos para que o ativista chegasse na região. Sendo responsável também pela volta do protetor com o animal nos braços. O mais impressionante é que nenhuma pessoa próxima ao local foi capaz de recolher o pobre animal e levá-lo para tratamento. Mas houve aqueles que tomaram conta do pobre inocente ali mesmo: “Se não fosse por isso, com certeza, ela teria morrido”, diz o ativista.
Na manhã desta quarta-feira (7), Camilo chegou na cidade de Vaz e encontrou o suíno jogado no mesmo local onde ocorreu o acidente. Para o desespero de todos, moradores da região informaram que, além de ter sido atropelada, a porquinha também foi espancada.
Com muita dor, calor – já que porcos aguentam apenas 30°- e muito agitada pela movimentação, o corpinho foi envolto em sacos de gelo para ser resfriado. Consciente, mesmo após ter sofrido agressões físicas após o atropelamento, com o suporte das moradoras Ana e Roberta que ajudaram a levantar o animal que pesa mais de 80 kg, agora Camilo retorna com a porca que recebeu o nome de Natalina, uma ironia do grupo por ela ter sobrevivido ao “Espírito de Natal”.
Agora uma nova fase começa: ele vai precisar de muitos recursos para tratamento veterinário para cuidar e manter mais esta vítima da sociedade; além de dezenas de outros animais aos quais ele dedica a vida no Santuário Salvando Vidas.