Uma ativista chinesa foi hospitalizada após comerciantes de carne de cachorro a terem atacado e espancado quando ela tentou salvar centenas de cães de seus depósitos que seria mortos para o festival bárbaro de Yulin na China.
Du Yufeng, fundadora do Bo Ai Animal Protection Center, conta ter sido atingida na cabeça e no corpo todo por comerciantes de carne de cachorro que impediram que ela e outros ativistas dos direitos animais libertassem os cães de seu depósito.
Relatos afirmam que os cães estavam a caminho dos matadouros para o festival anual de carne de cachorro de Yulin, que começou dia 21 de junho.
As fontes do Daily Mail em Yulin afirmaram que o festival deste ano foi mais moderado do que os dos anos anteriores, com muitas barracas vazias vistas nos mercados.
No entanto, é observado que mais barracas de comida do que o normal são vistas após o anoitecer.
A ativista Du disse que foi agredida no final de maio enquanto tentava resgatar cerca de 300 cães – muitos dos quais eram animais domésticos roubados – de um grupo de comerciantes de carne na cidade de Lugu, na província de Sichuan, no sudoeste da China.
Ela e outras duas ativistas foram atacadas pelos comerciantes depois de um impasse de dois dias.
Du disse que um de seus parceiros, que tem quase 60 anos de idade, teve duas costelas fraturadas enquanto ela estava se sentindo tonta e ainda estava hospitalizada quase um mês depois.
Ela também acusou os funcionários da cidade de Xichuang, que supervisiona Lugu, de conspirar (mediante propina) com comerciantes de carne, impedindo os ativistas de fotografar e resgatar os cães.
O grupo de bem-estar animal não salvou os cachorros que foram secretamente mortos pela autoridade local de quarentena de animais em 30 de maio em uma tentativa de eliminar evidências, afirmou Du.
Relatos afirmam que a província montanhosa de Sichuan é hoje o ponto de parada mais popular para os comerciantes de carne manter, vender e distribuir cães capturados, muitos dos quais acabariam em Yulin, na província de Guangxi, sul da China.
Em uma carta aberta ao governo de Sichuan, Du confessou que não conseguia dormir à noite, sabendo que caminhões carregados de cachorros espremidos em pequenas jaulas de galinha eram transportados todos dias pelas estradas rumo à morte.
“Eles estão prestes a chegar ao portão do inferno e serão espancados até a morte, escaldados em água fervente, queimados e esfolados vivos. Eles ficam tão aterrorizados”, escreveu ela.
Ela pediu ao governo de Sichuan que puna os comerciantes de carne de cachorro.
Todos os anos, milhares de cães são cruelmente mortos, esfolados e cozidos com maçaricos antes de serem comidos pelos habitantes de Yulin durante o festival que é realizado no solstício de verão.
Um morador de Yulin, que afirma ser amante de cães, disse ao Daily Mail que viu pessoas jantando ao ar livre – presumivelmente comendo pratos de carne de cachorro – na Meilin Avenue, uma das ruas de restaurantes da cidade.
Mas o morador, conhecido como Kenny, explicou que comer cachorros era uma tradição apenas entre as gerações mais velhas.
Ele disse que os jovens de Yulin se recusam a comer cachorros e até começaram a adotar animais domésticos.
Embora o festival de carne de cachorro Yulin tenha deixado o mundo em estado de choque, a maioria das pessoas na China não come de fato cães.
Os animais são tipicamente consumidos por uma minoria de residentes no norte da China, perto da península coreana e da Mongólia, bem como no sul da China, perto do Vietnã.
Claire Bass, diretora executiva da Humane Society International (HSI), ONG que atua em defesa dos direitos animais, disse: “O comércio de carne de cachorro na China representa, antes de tudo, atos de crime e crueldade”.
‘O festival de Yulin é um pequeno mas angustiante exemplo de um comércio indescritivelmente bárbaro dirigido por ladrões de cães e comerciantes criminosos.
“Esses ladrões e vendedores roubam rotineiramente animais domésticos em plena luz do dia usando dardos venenosos e cordas, desafiam as leis de saúde pública e da segurança, e causam um sofrimento horrível aos animais, tudo por uma carne que a maioria das pessoas na China não consome.”
Os parceiros chineses da organização salvaram 62 cães destinados a serem mortos em um matadouro no Yulin dias antes do festival.
A atriz britânica a atriz Judi Dench e a violinista Vanessa-Mae enviaram nesta semana mensagens sinceras de apoio – por meio da HSI – aos ativistas chineses que lutam apaixonadamente para encerrar o evento anual.
“Não posso imaginar o sofrimento daqueles pobres cães, e espero muito que um dia, em breve, esse comércio cruel termine”, disse a atriz Judi Dench.
Uma petição de 1,5 milhão de assinaturas foi entregue à Embaixada da China no Reino Unido ontem pela HSI junto com outro grupo de bem-estar animal Care2.
Estima-se que 10 milhões de cães são mortos por sua carne na China anualmente.
No ano passado, a Humane Society International, organização de bem-estar animal, resgatou 136 cães de três matadouros subterrâneos perto de Yulin, antes do início do festival que dura de três dias.
Eles disseram que os trabalhadores dos frigoríficos e matadouros matam cerca de 50 cães todos os dias para consumo humano.
Mas a organização explicou que a influência e o tamanho do festival foram reduzidos nos últimos anos graças aos protestos do público.
Embora a China tenha leis para salvaguardar a fauna silvestre e terrestre, atualmente falta legislação para proteger o bem-estar animal ou para evitar a crueldade contra os animais.
Em setembro de 2009, ativistas pelos direitos animais e especialistas jurídicos começaram a circular um projeto de lei sobre a proteção dos animais.
E em 2010, um projeto de Lei sobre a Prevenção da Crueldade contra os Animais foi submetido ao Conselho de Estado para sua consideração.
O esboço propõe uma multa de até 6.000 yuans (cerca de 900 dólares) e duas semanas de detenção para os culpados de crueldade contra animais, segundo o jornal China Daily.
No entanto, até este dia, nenhum progresso foi feito.
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