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Ativista de Arctic Sunrise fica nua em defesa de animais atropelados

29 de março de 2014
3 min. de leitura
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A ativista brasileira do Greenpeace Ana Paula Maciel, que passou cem dias em uma prisão russa acusada de pirataria pelo governo da Rússia, posará nua na revista Playboy e com o cachê criará uma reserva para animais atropelados no trânsito, contou nesta quinta-feira em entrevista exclusiva à agência Efe.

“É um projeto meu, de curto e médio prazo, o Greenpeace não interveio em minhas negociações com a revista. A ONG respeita minha individualidade e minha autonomia como mulher. Faço com meu corpo o que quero”, explicou Ana Paula pelo telefone.

Ela contou que negocia com a Playboy o cachê da sessão de fotos, mas já reconheceu que “provavelmente não será suficiente” para custear todas as obras da construção da reserva de animais.

A ativista de 32 anos não confirmou se já fez as fotos, apesar de o fotógrafo André Sanseverino ter revelado esta semana que o contrato já foi assinado e que as imagens já foram feitas.

Este é o segundo trabalho de Ana Paula para a revista masculina. Ela já apareceu de biquíni em fotos que ilustravam uma entrevista na edição de março.

Ana Paula fez questão de deixar claro que as fotos “não apagarão” seus dez anos de ativismo.

A bióloga gaúcha foi detida em 19 de setembro do ano passado junto com outros 27 ativistas e dois jornalistas na embarcação do Greenpeace, Arctic Sunrise, por causa de um protesto contra uma plataforma da empresa russa Gazprom no Ártico, onde a estatal procura petróleo.

Após 100 dias na prisão em Murmansk, no noroeste da Rússia, Maciel e seus companheiros receberam a anistia do executivo russo embora, revelou, “ninguém saiba porquê a investigação continua aberta”.

“Apesar de termos sido anistiados, não encerraram a investigação nem retiraram as acusações. Eu tenho uma ficha policial na Rússia que diz que fui acusada pela justiça, ninguém sabe se sou culpada ou não porque não houve julgamento e recebi uma anistia por um crime que não cometi”, insistiu.

A bióloga garante não ter abandonado o ativismo apesar do ataque “violento” das tropas russas ao navio Sunrise, feito “sem se identificarem e com o rosto coberto”.

Ela denunciou que a ação militar “violou várias leis internacionais e federais russas” como a de detenção em águas internacionais e a que obriga a polícia a formalizar a acusação nas 48 horas seguintes à detenção.

“Passamos muito medo e alguns companheiros abandonaram o Greenpeace. Cada um encarou o processo de uma maneira diferente, mas eu não pretendo deixar de lutar pelas causas ambientais”.

Para ela “a situação toda foi uma injustiça muito grande que pretendia subjugar processos pacíficos e tentar acabar com a liberdade de expressão”.

Em seu caso, Ana Paula sentiu o apoio das autoridades das autoridades brasileiras, que enviaram representantes da embaixada em Moscou para acompanhar o processo.

“O governo brasileiro fez tudo o que podia, me senti apoiada o tempo todo, o que foi determinante em alguns momentos” como no pedido de troca do tradutor de português e russo do julgamento porque “ele claramente não estava em condições”.

Durante o processo, ela viveu em condições “miseráveis” em uma prisão para presos comuns, onde “deixavam as luzes acesas durante o dia todo e a rádio ligada por mais de 16 horas”.

Apesar disso, aquela “tortura mental” não conseguiu fazer Ana Paula abandonar o ativismo pacífico: “o que não me mata me fortalece”, concluiu.

Fonte: Terra Notícias

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