Fala-se, de vez em quando, em “caça sustentável”, “caça com fins de controle populacional”, “pesca sustentável”, pecuária orgânica “verde”, silvopastoreio (em fazendas onde rebanhos dividem espaço com árvores e fauna local), “carne verde”, entre outras tentativas de encaixar atividades de exploração animal no rótulo de “ecoamigável”. Mas há razões essenciais para que o discurso de explorar animais “ecologicamente” seja tão (i)lógico quanto homicídio pró-Direitos Humanos e abate “humanitário”. Ou seja, para que não exista escravidão animal “sustentável”.
Atividades desses tipos fazem uma separação entre seres “da Natureza” e seres “fora” dela – ou que “podem” ser excluídos da Natureza mediante abate. Não consideram que todos os seres, incluindo os humanos e os animais ditos “de produção”, são partes constituintes da biosfera, da Natureza.
Não levam em conta que os animais – humanos e não humanos – são a parcela da Natureza que é senciente e tem interesses na própria sobrevivência e na preservação de sua liberdade e seu espaço na biosfera. Ou seja, é através dos animais que a Natureza manifesta interesses próprios, concernentes à sua integridade.
Quando se promove campanhas de matança, por exemplo, de animais de “espécies invasoras” ao invés de esterilização, está-se agredindo e ferindo a Natureza. Não é muito diferente de provocar a mortandade de dois mil peixes com poluentes num rio. Nem de derrubar duas mil árvores não nativas que estavam cumprindo serviços ambientais muito importantes em sua localidade, como o sequestro de carbono, a geração de oxigênio, a umidificação e refrigeração do ar e a provisão de alimento para a fauna local.
Levando-se isso em conta, percebemos que pesca, pecuária, caça e outras atividades de extermínio de animais nunca poderão ser consideradas sustentáveis, já que consistem basicamente em agressão à Natureza, em ferir a parcela dela que quer conscientemente continuar viva e fisicamente íntegra.