O aquecimento antropogênico do clima têm sido um fator em eventos de precipitações extremas em todo o mundo, dizem pesquisadores.
A atividade humana, como as emissões dos gases do efeito estufa e a alteração do uso do solo são fatores chave em eventos de precipitações extremas, como enchentes e deslizamentos ao redor do mundo, descobriu um estudo.
Nos anos mais recentes, há inúmeros casos de enchentes e deslizamentos: chuvas extremas, uma quantidade de chuvas ou nevascas, que excedem o normal estabelecido em uma região, podem ser uma das causas desses eventos.
Variações naturais no clima, como o El Niño-Oscilação do Sul (ENOS ou ENSO), afetam a precipitação. Mas estudos de pesquisa de atribuição, como o último modelo de estudo, publicado na terça (06/07) na Nature Communications, trabalham para entender de um modo melhor se as ações humanas impactando o clima, como as emissões de gases do efeito estufa e alteração do uso do solo, contribuem na probabilidade e gravidade de precipitações extremas.
No estudo, pesquisadores da UCLA viram registros climáticos do mundo para examinar se a influência antropogênica (mudanças do clima induzidas pela atividade humana) têm afetado precipitações extremas. Por meio da examinação de múltiplos conjuntos de dados de precipitações observadas, os pesquisadores foram capazes de construir uma imagem, e encontraram evidências da atividade humana afetando precipitações extremas em todas elas.
“É vital identificar essas mudanças (dos padrões de precipitação) causadas pela ação humana, comparada às mudanças causadas pela variabilidade natural do clima,” explicou o pesquisador principal, Gavin Madakumbura. “Isso nos permite gerenciar recursos hídricos e planejar medidas de adaptação para mudanças conduzidas pelas mudanças climáticas.”
Até agora, o trabalho nessa área tem sido restringido a países, ao invés de ser aplicado globalmente. Mas a equipe de pesquisadores utilizam machine learning (aprendizado automático) para criar um conjunto de dados global.
As mudanças climáticas conduzidas pela atividade humana estão fazendo com que a temperatura da Terra aumente. Mecanismos diferentes ligam temperaturas mais quentes à precipitações extremas. “O mecanismo dominante (conduzindo a precipitação extrema), para a maioria das regiões ao redor do mundo, é que o ar mais quente pode conter mais vapor de água,” disse Madakumbura. “Isso pode alimentar tempestades.”
Enquanto há diferenças regionais, e alguns lugares estão se tornando mais secos, os dados da Met Office mostram que, no geral, chuvas intensas estão aumentando globalmente, significando que os dias mais chuvosos do ano estão se tornando ainda mais úmidos. Mudanças nas chuvas extremas ( o número de dias de chuvas muito pesadas) também são um problema. Esses curtos e intensos períodos de chuvas podem conduzir a enchentes repentinas, com impactos devastadores na infraestrutura e na natureza.
“Nós já estamos observando um aquecimento de 1.2 C comparado aos níveis pré-industriais,” pontuou Dr Sihan Li, um pesquisador experiente associado a Universidade de Oxford, que não estava envolvido com o estudo. Ela disse: “ Se o aquecimento continuar a crescer, nós teremos episódios mais intensos de precipitação extrema, mas assim também como eventos de seca extrema.”
Li disse que enquanto o método de machine-learning usado no estudo era de tecnologia de ponta. Ele atualmente não permite a atribuição de fatores individuais que podem influenciar precipitações extremas, como aerossóis antropogênicos, alteração no uso do solo ou erupções vulcânicas.
O método de machine-learning usado no estudo no estudo aprendeu a partir dos dados sozinho. Madakumbura pontuou que no futuro, “nós poderemos auxiliar esse aprendizado por meio da imposição de físicas do clima no algoritmo, então ele não aprenderá somente se a precipitação extrema mudou, e sim os mecanismos, porque isso tem mudado”. “Esse é o próximo passo”, disse ele.