Germano Woehl Jr
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Na semana passada, durante o intervalo das atividades de interpretação de trilha, na RPPN Santuário Rã-bugio, quando atendíamos uma escola pública de Navegantes (SC), uma de nossas estagiárias, acadêmica de Biologia, contou-nos uma história bastante motivadora sobre sua atitude corajosa que nos encheu de orgulho, pois é uma prova de que esta jovem estudante realmente ama a natureza.
Ela estava passeando com a família na Vila da Glória, em Joinville (SC). E na frente de uma residência ela presenciou um crime ambiental: um gaturamo (Euphonia violacea), passarinho da Mata Atlântica, preso e se debatendo muito em uma gaiola com um alçapão armado, que ela tratou de fotografar. O gaturamo estava com a parte próxima ao bico sangrando e muito machucada de tanto que se debatia na gaiola, tentando escapar.
Como o infrator não deu as caras, ela não hesitou em dar a liberdade imediata para o gaturamo. Em seguida, estraçalhou o alçapão e a gaiola e jogou tudo no meio do mato.
O gaturamo é uma ave que não sobrevive muito tempo na gaiola, porque precisa de uma alimentação muito especial que só encontra nas matas bem preservadas. Portanto é uma crueldade muito grande mantê-lo preso. A gaiola é a morte certa em poucas semanas.
É adaptado para se alimentar quase que exclusivamente de frutos. Raramente come insetos. É uma ave altamente evoluída para se alimentar somente de frutos de polpa bem macia. Não tem papo e a moela é degenerada, ou seja, possui baixa capacidade de processamento mecânico dos alimentos ingeridos. O alimento é pouco aproveitado e eliminado poucos minutos após a ingestão.