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Até quando os animais serão tratados como objetos de pesquisa?

27 de março de 2011
3 min. de leitura
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Janaína Camoleze
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Estava eu folheando as páginas da revista Veja (edição 2205 – ano 44 – nº 8, p.39)  quando me deparei com uma matéria que me chamou a atenção.

Ela se encontra na “Página Einstein” (reservada ao Hospital Albert Einstein) e seu título é “Os limites da pesquisa médica na busca da inovação”.

Meu lado ativista veio imediatamente à tona e tratei logo de ler a tal reportagem, na esperança de que se tratasse de algo positivo, algo que demonstrasse a aberração que é o uso de animais em pesquisas.

Logo de cara o texto explica o quão dependente a área da saúde é de pesquisas, mas que, apesar disso, “surgem alguns questionamentos sobre o que é aceitável e quais os limites que devem guiar novos experimentos”. Ótimo! Concordo.

Continuei desenfreadamente minha leitura e a terminei com uma enorme decepção.

Nada, nadinha que ao menos citasse os pobres animais que levam uma vida de torturas para o “bem” da ciência e são depois descartados como meros objetos.

A reportagem parece ter como objetivo mostrar a importância da ética nas pesquisas médicas, que os “hospitais e centros envolvidos com pesquisa na área médica possuem comitês de ética responsáveis por verificar a aplicação de rigorosos protocolos e normas de conduta”, mas logo em seguida nos revela quais seres vivos são dignos de serem tratados segundo os tais rigorosos padrões de conduta, com a afirmação “esses comitês defendem os interesses, a integridade e a dignidade das pessoas envolvidas na pesquisa…”. Agora sim, está explicado.

Uma questão que fica latente na cabeça de qualquer ativista ou pessoa com o menor grau de sensibilidade é: será que esse hospital não utiliza animais em seus experimentos?!?

Muito facilmente essa questão é respondida. Basta acessar o site Einstein e clicar no link “Pesquisa”.

Logo nos deparamos com outro link nada animador: “Comitê de Ética no Uso de Animais de Experimentação” (será que existe essa nova espécie “animais de experimentação” e ninguém nos avisou?).

Ao clicar neste link uma “bela” frase nos dá as boas vindas: “A experimentação animal deve ser conduzida apenas após consideração de sua relevância para a saúde do homem e dos animais”.

Será que o Hospital não se esqueceu de nada ao publicar tal reportagem? Será que se esqueceram das vidas que são brutalmente retiradas todos os dias em prol da saúde? Para mim, a resposta é não.

Fica muito claro que os animais ainda não alcançaram e estão longe de alcançar um lugar de respeito em meio à sociedade em que também vivem.

O final da reportagem nos deixa um elemento chave sobre as pesquisas médicas (e também sobre qualquer outro tipo de pesquisa): “… é importante garantir que o indivíduo que se candidata a algum teste (…) esteja ciente dos benefícios, dificuldades e riscos envolvidos naquele processo”.

Será que alguém algum dia parou para pensar se os animais que são usados como material de pesquisa querem ser submetidos a tais procedimentos? Será que não é fácil de chegar à conclusão de que eles desejam viver livres, ter um desenvolvimento normal e digno?

O objetivo desse texto é simples: apenas desejo mostrar que nem sempre somos devidamente informados sobre todos os procedimentos que envolvem nossos remédios, nossos alimentos, nossas roupas, nossos brinquedos.

Às vezes precisamos dar um passo além do que lemos e procurar o que não está nas linhas. Muitas vezes o que descobrimos é que nossas mercadorias custam a vida de milhares de seres inocentes.

Não termine de ler esse texto e apenas concorde comigo. Comece a mostrar sua indignação com os absurdos dos experimentos em animais e discorde de quem os faz!

Acesse o site Coletivo V.I.D.A.

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