Há dez meses que Bud Spencer e Terence Hill vivem na casa do analista de sistemas Bruno Andrade Bueno, 33, e sua mulher. Bud e Terence, no caso, não são os célebres atores italianos de filmes de faroeste, mas dois camundongos que foram descartados por laboratórios de pesquisa e recuperados pela Associação Natureza em Forma.
O centro de adoção da associação, em São Paulo, reúne outros animais que, como a dupla de camundongos, não são lá muito convencionais como animais domésticos. São galos de rinha, chinchilas retiradas da indústria de peles, coelhos abandonados e pombas que sofreram ataques nas ruas, todos resgatados e tratados.
“Quando procuramos o centro, já tínhamos a ideia de adotar um animal que tivesse alguma história por trás, como eles”, diz Bueno. Bola, um frango, foi adotado pela bióloga Patrícia Carrijo Canelhas, 38, e o marido. O animal tinha sofrido múltiplas fraturas por causa de um ritual religioso. “Quando eu soube da história dele, não sosseguei enquanto não fui buscá-lo”, conta.
Segundo a bióloga, a maioria das pessoas não entende como é a convivência e acaba criando preconceitos em relação ao animal diferente. “Tem essa ignorância de não entender como eles são inteligentes. Ele (Bola) interage, dorme com o cachorro, é super tranquilo em casa.”
Acolhimento
Os galos de rinha resgatados que estão para adoção, foram acolhidos pelo Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, que recebe animais em situação de risco.
Depois de um período de adaptação com o uso de homeopatia, florais e outras terapias, as aves foram soltas e monitoradas por voluntários até que não entrassem mais em conflito.
Para Lito Fernandez, presidente da associação fundada em 2004, o trabalho prova que os animais podem ser pacificados. “O galo é um animal independente, mas ele reconhece as pessoas e consegue estabelecer uma relação, eles têm consciência, sentimentos e sentem dor também.”
Interessados em adotar os animais resgatados pela associação precisam ser maiores de idade e, preferencialmente, vegetarianos –para garantir que os animais não corram risco de acabar na panela.
É preciso ainda passar por entrevista e apresentar o local que vai receber o animal para avaliação de um representante da associação. Após a adoção, o grupo acompanha a adaptação do bicho na nova casa e a relação com os novos donos.
Fonte: O Povo