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CAÇA

Assassinato em massa de ursos e lobos será retomado no Alasca (EUA)

O governo permitirá que caçadores em helicópteros sobrevoem e assassinem 80% dos lobos, 80% dos ursos-negros e 60% dos ursos-pardos

20 de janeiro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Sophie Park para o Washington Post via Getty Images

O estado do Alasca (EUA) voltará a realizar o assassinato aéreo de ursos e lobos com a desculpa de ser um controle populacional destinado a aumentar o número de rebanhos de caribus e alces, mesmo que a própria avaliação do estado sobre a prática tenha provado a falta de eficácia.

O programa permitirá que caçadores assassinem até 80% dos animais em 8 mil hectares de terras estaduais. ONGs ambientais e de proteção aos animais, que se opõem ao que classificam como uma prática “bárbara” de matar animais selvagens em helicópteros, argumentam que isso é mais sobre o lobby da caça do que ciência, visto que os caçadores querem que as populações de caribus aumentem por serem animais considerados troféus.

“A prática do Alasca de atacar predadores indiscriminadamente é tanto desumana quanto insensata”, disse Rick Steiner, ex-ecólogo da Universidade do Alasca-Fairbanks e atualmente membro da Public Employees for Environmental Responsibility (Peer), ONG que se opõe à prática. “Não há evidências científicas de que essa carnificina aumentará as populações de alces e caribus, e há um crescente corpo de evidências de que isso perturba o equilíbrio saudável entre predadores e presas na natureza.”

O relatório surgiu após o governo Biden manter regras do primeiro governo Trump que permitiam outras práticas de caça desumanas em terras federais no Alasca, como matar filhotes em tocas.

O programa de “gestão intensiva” do Alasca permite que caçadores do estado matem qualquer urso-pardo, urso-negro ou lobo em algumas terras estaduais. Em 2023, quase 100 ursos, incluindo 20 filhotes, foram mortos por helicóptero.

O governo permitirá que caçadores sobrevoem e assassinem 80% dos lobos (até que a população seja reduzida para 35), 80% dos ursos-negros (até que a população seja reduzida para 700) e 60% dos ursos-pardos (até que a população seja reduzida para 375).

Um relatório estadual de outubro que examinou práticas de abate de predadores concluiu que diminuir a população de predadores não aumenta a população de caribus. “O objetivo do projeto era aumentar a sobrevivência dos filhotes de caribu removendo todos os ursos e lobos das áreas de nascimento”, afirma o relatório. “Não existem dados para avaliar se o objetivo foi alcançado.”

Os principais fatores no declínio da população de caribus foram “doenças, nutrição e severidade do inverno”, diz o relatório. Cerca de 65% morreram de fome ou desidratação.

Ativistas afirmam que o estado também admite não saber o impacto total das práticas sobre as populações de ursos, pois não estimou o número de ursos-pardos antes de permitir os assassinatos. Mais da metade dos ursos-pardos mortos em 2024 eram fêmeas adultas, levantando mais dúvidas sobre a capacidade de recuperação da população.

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