No mês passado, completou 24 anos que o médico veterinário Karel Van Noppen, de 43 anos, foi assassinado a tiros em frente à sua casa e ao lado de sua mãe, na vila de Wechelderzande, na Antuérpia. O motivo? Ele denunciou a “Máfia dos Hormônios do Crescimento”.
Van Noppen atuava como inspetor do governo belga e há meses estava investigando práticas ilegais de fazendeiros e empresários belgas envolvidos em um grande esquema de hormônios do crescimento usados na indústria da carne.
A prática já era tipificada como criminosa desde 1989. “Um grupo estava ganhando dinheiro com injeções de hormônios ilegais para engordar o gado mais rápido e a custos mais baixos”, informa publicação da BBC de 5 de junho de 2002.
Os colegas de Van Noppen acreditavam que ele estava perto de desmascarar os chefões de uma rede que abrangia a Bélgica e a Holanda, e provavelmente se estenderia até a França, quando foi silenciado.
“Van Noppen não estava sozinho. Outro veterinário belga teve a porta da frente salpicada de balas. Um eurodeputado que fez campanha contra o comércio de hormônios teve um coquetel molotov e uma granada de mão lançados contra ele. Outros veterinários foram espancados”, revela edição do The Independent de 16 de março de 1996.
A morte teve grande repercussão na Bélgica e três homens receberam sentenças de prisão de 25 anos: Albert Barrez, o autor do assassinato; Carl de Schutter, o mentor; e Germain Daenen, um dos mandantes. Um quarto réu, chamado Alex Vercauteren, que também era um dos mandantes, recebeu a maior condenação do sistema judiciário belga – prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Ainda assim, muitos acreditam que a “Máfia dos Hormônios” jamais tenha deixado de existir. A história de Karel Van Noppen, morto em 20 de fevereiro de 1995, inspirou o filme Rundskop (Bullhead) lançado em 2011 e dirigido pelo cineasta belga Michaël R. Roskam.