Os pesquisadores do Departamento de Ciências da Vida (DLS) do Imperial College London utilizaram simulações computacionais de extinção, baseadas em dados coletados de quase 3.700 espécies de aves em 1.200 locais ao redor do mundo, para demonstrar que a mudança no uso da terra reduz o número de espécies que desempenham funções ecológicas vitais, tornando os ecossistemas cada vez mais vulneráveis à futura perda de biodiversidade.
Thomas Weeks, autor principal do estudo, afirmou em um comunicado: “O declínio na diversidade de aves após a mudança no uso da terra é bem conhecido, mas até agora acreditava-se que um número suficiente de diferentes tipos de aves sobrevivia para manter esses ecossistemas degradados funcionando conforme o necessário. Nossas análises desafiam essa ideia, mostrando que os humanos alteram as paisagens de maneiras que tendem a eliminar a capacidade do sistema, o que significa que qualquer crise ambiental futura poderia potencialmente causar um colapso dos serviços essenciais prestados pela vida selvagem”.
Diminuição na diversidade funcional
Para avaliar a contribuição das aves para as funções ecológicas, os pesquisadores se basearam em informações detalhadas sobre as espécies de aves, incluindo dieta, tamanho corporal, formato do bico e formato das asas. Eles concluíram que os habitats perturbados tendem a ser dominados por um número relativamente pequeno de espécies tolerantes a perturbações, ocupando nichos ecológicos semelhantes.
Isso levou a uma diminuição na diversidade funcional geral e deixou funções-chave vagas. Além disso, isso pode desencadear um efeito dominó, causando redução na regeneração florestal, diminuição do armazenamento de carbono e aumento de infestações de pragas em plantações.
Os resultados demonstram que, mesmo que a riqueza de espécies e a diversidade funcional permaneçam relativamente altas, a perda de redundância funcional expõe os ecossistemas aos impactos das mudanças climáticas globais. Isso foi observado em todo o mundo, desde florestas tropicais até ambientes polares.
O professor Joseph Tobias, coautor do estudo, também comentou: “Com a aceleração das mudanças no uso da terra em nível global, nosso estudo destaca a necessidade urgente de gerenciar e preservar a diversidade funcional para garantir que os ecossistemas futuros continuem funcionando de maneiras que contribuam para a sustentabilidade da vida humana e a estabilidade econômica”.
O estudo oferece uma nova estrutura para avaliar a vulnerabilidade dos ecossistemas e técnicas para gerenciar iniciativas de proteção. Ao focar no papel crucial das espécies dentro dos ecossistemas, os formuladores de políticas podem identificar riscos e salvaguardar a estabilidade ecológica para o benefício tanto da vida selvagem quanto das pessoas.
Fonte: Tempo