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SOLIDARIEDADE

Artista inglesa arrecada fundos para ajudar abrigos de animais na Ucrânia

14 de março de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
7 min. de leitura
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Foto: Reprodução | BBC | Arquivo pessoal

A artista Lisa Watkins, de Scunthorpe, na Inglaterra, conseguiu mobilizar uma grande corrente do bem em prol dos animais. Ela usou as redes sociais para convocar a classe artística a contribuir com peças para um leilão beneficente. Em pouco tempo, ela conseguiu a doação de 160 obras de arte que ela espera conseguir vender por cerca de £ 10.000 (cerca de R$66 mil). Todo valor arrecado será destinado a abrigos romenos que resgatam animais na Ucrânia.

Em entrevista à BBC, Lisa disse que não conseguiu ficar impassível diante da situação de extrema vulnerabilidade dos animais. “Não estamos apenas ajudando os animais, estamos ajudando as pessoas e os animais são parte de sua família. Vi uma pessoa carregar seu cão pastor-alemão, a família se revezava para carregá-lo, porque era a última parte de seu pai. Foi a última parte dessas memórias, eles levaram para a fronteira, porque não podiam perder um membro da família.”

Organizações que atuam nos países que fazem fronteira com a Ucrânia estão ajudando acolhendo animais e providenciando documentações para que os refugiados possam seguir para outros países da UE para reencontrar familiares ou recomeçarem suas vidas. Lisa conta que acompanha há algum tempo algumas ONGs romenas como 1 Dog at a Time Rescue UK e a Sava’s Safe Haven. “São instituições de caridade com as quais trabalhei, adotei e apoiei por muitos anos”, disse à BBC.

Foto: Reprodução | Getty Images

Ingleses engajados

A professora inglesa Barbara Polonara está acostumada a envolver seus alunos e toda a comunidade de Bracknell, na Inglaterra, em ações sociais e ao descobrir a situação dos animais na Ucrânia não pensou duas vezes e iniciou uma campanha para arrecadar suprimentos e dinheiro para ajudar abrigos, que estão superlotados após muitos civis ucranianos fugirem e deixarem seus animais para trás.

Apesar do drama que os animais estão passando, Barbara acredita que esse é o momento de exercitar a empatia. “As pessoas estão deixando seus animais domésticos para trás, não porque querem, mas porque precisam”, disse ao Bracknell News. Barbara começou a realizar coletas de ração, medicamentos e itens de higiene há duas semanas e pretende entregá-la através da fronteira.

Ela conta que as redes sociais foram grandes aliadas. “Tudo começou no Facebook, pois existe um grupo para ajudar animais na Ucrânia, mas principalmente cães e gatos, o que é ótimo, mas notei uma lacuna na ajuda para animais menores, como hamsters e coelhos. Sendo eu alguém que ama animais, rapidamente me envolvi e fiz contato com uma pessoa que está na Ucrânia”.

Foto: Reprodução | Bracknell News

Barbara explica ainda que a escola onde dá aula tem sido uma grande parceira. “Assim que a guerra foi declarada, pensei que as coisas iam ficar difíceis. Rapidamente, enviei um e-mail e o diretor ficou feliz em abrir as portas para as doaçõess. A escola foi sobrecarregada com suprimentos e muitas pessoas entraram em contato comigo querendo entregar suprimentos”.

Ela explica que a maioria das campanhas está muito focada em cães e gatos, mas os refugiados ucranianos tutelavam outros animais também como hasmsters, coelhos e aves e muitos abrigos não têm condições de cuidar desses animais, pois são necessários suprimentos específicos. “Estamos tentando reunir provisões especialmente para animais domésticos menores”, disse Barbara.

Motorista do bem

O motorista de ônibus Dave Wise, de East Sussex, no Reino Unido, abandonou o trabalho para partir em direção à Ucrânia para salvar cães e gatos em situação de vulnerabilidade. Ele fez uma campanha com amigos, familiares e solidários à causa animal e reuniu suprimentos suficientes para lotar seu modesto Ford Mondeo prata que está indo a caminho do leste europeu.

Wise conta que não conseguiu ficar indiferente às notícias que informavam que centenas de animais ficaram para trás após a fuga de civis. Em apenas uma semana, ele conseguiu organizar a viagem que tem um percurso de cerca de 12.000 km. O motorista se casou recentemente e recebeu todo o apoio da esposa, Hannah, e do restante da família. Todos ajudaram no que foi possível.

Ela conta o quanto admira Dave. “Estou tão orgulhosa dele. Não estou surpresa que ele queira fazer isso. Ele é assim – pensa em outras pessoas antes de pensar em si mesmo. Ele não pediu minha permissão, mas perguntou como eu me sentiria. Eu disse que ficaria preocupada com ele, mas nunca diria não. Eu sei que é algo que ele precisa fazer”, disse ao The Mirror.

Foto: Reprodução | The Mirror | Hannah Carter

O motorista conta que pediu uma licença no trabalho, que foi negada. Então, apesar não ter planejado e saber o impacto que isso terá na sua vida futura, ele decidiu pedir demissão. “Tentei reservar uma folga do trabalho e não consegui, então entreguei meu aviso prévio. Estamos nos mudando para Liverpool em algumas semanas”, contou.

Essa não é a primeira vez que Dave faz uma longa viagem para ajudar animais. Ele já foi até a Romênia atuar como voluntário em um abrigo. Ele se sente feliz em ver todos se envolvendo em defesa dos mais vulneráveis. “Todo mundo em nossa comunidade local tem sido muito bom. Uma loja local fez uma grande coleta para nós e até tirou algum dinheiro de seu pote de gorjetas”.

A viagem de Dave durará em média 26 horas até a fronteira entre a Romênia e a Ucrânia. Lá, ele entregará os suprimentos a ativistas e ajudará no que for possível. Infelizmente, ele não poderá levar animais com ele, pois o Reino Unido não flexibilizou a entrada de animais por suas fronteiras sem documentações obrigatórias, apesar da pressão de ativistas.

Pressão sob o Reino Unido

Ucranianos que fugiram após a invasão russa com os seus animais serão acolhidos também no Reino Unido, que anunciou que flexibilizará a entrada de refugiados acompanhados de animais domésticos sem a exigência de documentos que normalmente são obrigatórios, como atestados de saúde, carteiras de vacinação e outros que comprovem a ausência de doenças infectocontagiosas.

Além do Reino Unido, Hungria, República Tcheca, Lituânia, Polônia, Romênia, Eslováquia e Alemanha também flexibilizaram a entrada de animais em suas fronteiras. A Índia, o Brasil e o Marrocos enviaram voos especiais para buscar cidadões com seus animais e levá-los de volta aos seus países natais. Até o momento, cerca de 2,5 milhões de ucranianos deixaram o país.

Segundo o The Indepedent, o Reino Unido estuda a possibilidade de custear as despesas veterinárias dos animais que entrarem no país com seus tutores refugiados. A expectativa é que ao entrar no país, esses animais fiquem em uma quarentena temporária, a mesma medida adotada pela Índia. O Reino Unido cedeu à pressão de ativistas após mais de 15 dias do início do conflito.

Foto: Reprodução | Instagram | @uanimals.official

Em situações comuns, só é permitada a entrada de animais que têm microchip, carteira de vacinação atualizada e atestados veterinários. No entando, diante do avanço do confronto, o Reino Unido dispensará essas exigências. Além de poder entrar com os seus animais, os refugiados também receberão uma ajuda de custo de £ 350 (cerca de R$2,3 mil).

Envolvimento político

Na última semana, lobistas (influenciadores políticos) escreveram uma carta ao secretário do Meio Ambiente, George Eustice, e ao ministro do Bem-Estar Animal, Zac Goldsmith, pedindo mais compaixão para os refugiados. Ele alertaram que forçar pessoas que já perderam tudo na guerra a abandonar seus animais é desumano e um profundo trauma.

“Se a política do Reino Unido permanecer de que nenhum animal doméstico pode entrar no Reino Unido com refugiados, podemos ver dezenas de milhares de cães e gatos sendo sacrificados ou abandonados na Polônia, Hungria e Romênia nas próximas semanas. Cada uma dessas mortes de animais traria mais miséria para as mulheres e crianças que escaparam da guerra”, diz um trecho da carta.

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