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Artesã resgata e salva cobras que aparecem em bairro de Campinas (SP)

5 de junho de 2015
3 min. de leitura
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Mulher defende cobra e deixa em balde até chegada dos bombeiros (Foto: Jivaldo Santos/ Arquivo)
Mulher defende cobra e deixa em balde até chegada
dos bombeiros (Foto: Jivaldo Santos/ Arquivo)

É na casa da artesã Maria dos Prazeres dos Santos, a dona Maria, 58 anos, onde os moradores do Parque Floresta, em Campinas (SP), buscam auxílio quando cobras jiboias aparecem pelas ruas e praças do bairro. E os chamados de urgência estão cada vez mais frequentes. Só nas últimas duas semanas, ela resgatou quatro jiboias e entregou para o Corpo de Bombeiros.
Nesta quinta-feira (3), ela salvou uma jiboia que seria morta a pauladas por moradores receosos com a presença do animal. “Eu sou protetora dos animais e das crianças. Não gosto que as matem não. Eu resgato e chamo os bombeiros ou deixo ali perto do rio, que é o lugar delas”, contou dona Maria.
A ‘domadora de cobras’ do Parque Floresta, como é conhecida no bairro, conta que aprendeu a técnica de recolher os animais ainda jovem, com o pai na cidade de Quebrangulo, em Alagoas.
“Meu pai dizia para chegar devagar, não assustar. Ver se ela morde, se pode pegar. Eu cresci em uma fazenda que tinha jiboia, jericoá, caninana, jararaca… Essa ficava no buraco da pata que a vaca deixava na lama. Era muito perigosa”, lembrou dona Maria.
No entanto, a incidência dos animais na área urbana assusta alguns moradores do bairro. “Toda semana aparece alguma cobra, essa foi a quarta. Mas foi a maior de todas”, disse Jivaldo Santos, que fez o registro de uma outra jiboia encontrada no dia 30 de maio. “Disseram que dentro do regato, onde cai o esgoto, tem a ‘mãe de todas’, uma jiboia enorme, mora abaixo, na boca do lobo. Eu não vi, mas falaram que ela tem quatro metros”, disse dona Maria.
Cuidados
De acordo com a bióloga Leticia Ruiz Sueiro, especialista em herpetologia (anfíbios e répteis) e coordenadora do curso de Ciências Biológicas da UnG, o número de cobras capturadas é fora do padrão. “Provavelmente a área oferece condições favoráveis para roedores e gambás, que são itens alimentares comumente ingeridos pela espécie”, explicou a bióloga.
A especialista diz que o acúmulo de entulho, lixo e mato alto propiciam o aparecimento de serpentes. “Quem cria tais condições é a presença humana e a ausência de saneamento básico. Essas condições atraem roedores que, por sua vez, atraem não só as serpentes, mas também escorpiões e aranhas”, explica a bióloga.
A orientação ao se deparar com uma jiboia ou qualquer outra espécie de serpente é não manipular, cutucar ou matar os animais. “As jiboias não oferecem risco pois não são peçonhentas, não possuem dentes inoculadores de veneno. Mas podem desferir botes defensivos. A mordida das jiboias é bastante dolorida por conta dos inúmeros dentes presentes na boca. Além disso, é comum a presença de bactérias nocivas na cavidade oral das serpentes, o que pode ocasionar infecções sérias no local da mordida”, alerta a bióloga.
Segundo dona Maria, que faz panelas com barro e cortinas de bambu, é comum encontrar serpentes na horta que ela cultiva no quintal. “Mas aqui vem de tudo, passarinho, tucano e também cobra. Mas a gente convive bem. O perigo é quando elas aparecem na rua, perto do ponto de ônibus, como aconteceu hoje”, alerta dona Maria.
Fonte: G1

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