Gabi Veiga é Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas. Trabalhou no Instituto de Botânica de São Paulo por dois anos, onde desenvolveu diversas pesquisas ligadas às plantas bioindicadoras de poluição. Morou por 5 meses no Amazonas, em uma comunidade chamada ABRA 144, onde estudou permacultura e educação ambiental. Atualmente faz parte da trupe O Teatro Mágico, que integra diversas expressões artísticas: música, circo, dança, sem deixar de mostrar críticas sociais. Gabriela procura fazer com que a arte seja fonte de informação e de conscientização ambiental e de direitos animais. Vegana, desenvolveu o projeto Hábitos e Habitat para difundir seus ideais ligados ao vegetarianismo, aos animais e ao meio ambiente. Nessa entrevista concedida com exclusividade à ANDA, ela fala sobre sua trajetória na arte e no ativismo em defesa dos animais.
ANDA – Como começou o envolvimento do Teatro Mágico com o movimento pela defesa dos animais e do planeta?
Gabi Veiga – O Teatro Mágico é um projeto que tem por base ideológica a militância em todos os sentidos relacionados a causas que possam revolucionar de alguma forma alguma realidade imposta de maneira injusta, portanto, quando entrei para o grupo, automaticamente nossas ideias se casaram, eu trouxe o debate do meio ambiente e dos direitos animais e criamos uma aliança para fortalecermos mais uma luta! Hoje defendemos juntos essa causa, que eu julgo uma causa planetária.
ANDA – Pretendem manter esta bandeira levantada?
Gabi Veiga – Sim, certamente. Este é um tipo de bandeira que deverá ficar levantada por gerações e gerações. Como diz Gustavo Anitelli, querer ver o mundo consciente e vegetariano “agora” é o mesmo que queremos ver o mundo socialista “agora” também. A relação dos seres humanos com tudo o que está relacionado à vida foi desconstruída, já não existem parâmetros a serem seguidos, a ética foi esquecida, assim como a preocupação com nossos recursos naturais. Não quero parecer pessimista, mas temos que lutar para uma realidade mais humanista e justa com relação aos seres que não podem se defender, animais, crianças, florestas… Esta bandeira ficará bem firme nas nossas vidas e nos nossos palcos!
ANDA – Vocês acreditam na arte como fonte de conscientização?
Gabi Veiga – Acreditamos que a conscientização é uma das funções primárias da arte. Nos entristece ver muitos artistas tratando seus trabalhos apenas como um “passatempo” ou mero entretenimento, mediocrizando nossa ferramenta mais forte de acesso ao ser humano. É incrível como artistas aceitam a possibilidade da irresponsabilidade e deixam de lado a força que a arte tem de transformar e tocar pessoas para que despertem para o pensar, para o refletir sobre algo. A arte faz isso, desperta!
ANDA – O que acharam da iniciativa da ANDA quando articularam um show pelo planeta e pelos animais? Já fizeram algo parecido?
Gabi Veiga – Achamos fantástico! A ANDA está de parabéns! Sabemos do acesso que a música tem em massa e vimos neste evento uma chance de falarmos sobre o que acreditamos: Música e Consciência. Este evento mostrou como podemos falar de forma pacífica e conscientizadora do caos que acontece agora no nosso país e no mundo. Procuramos fazer isso a cada show nosso, com falas e intervenções artísticas relacionadas às nossas bandeiras: Música livre, Meio ambiente, Feminismo, Direitos Animais etc.
Um show marcante para o nosso projeto foi um em que fizemos homenagem a Chico Mendes, tivemos inclusive a presença de Marina Silva, uma das maiores militantes pelo meio ambiente do Brasil!
ANDA – Acreditam na transformação dos conceitos da sociedade com relação a tudo o que está relacionado à vida?
Gabi Veiga – Claro. Acreditamos no ser humano, partimos daí. É possível, sim, uma transformação, mas esta será gradativa. Temos que despertar o que, ao longo da contemporaneidade, foi perdido, o humanismo, a preocupação com o futuro, e a arte é uma grande aliada nessa luta!
ANDA – Como o veganismo entrou na sua vida?
Gabi Veiga – O veganismo foi um consequência de 11 anos de dieta e filosofia ovolactovegetariana. Não existe a possibilidade de levantar uma bandeira pela metade ou ser “meio envolvida” com alguma batalha, se queremos defender algo, que seja por inteiro. Foi a partir daí que aderi à filosofia vegana, não quero compartilhar com nenhum tipo de exploração animal, ambiental e até mesmo humana… A única saída para isso é o veganismo.