Charlotte, que provavelmente é a arraia mais famosa do mundo, tem uma doença, anunciaram os funcionários do aquário onde o animal mora, nos EUA. A arraia ficou bastante conhecida depois que, em fevereiro, o Laboratório de Aquários e Tubarões da Equipe ECCO relatou que ela tinha engravidado sem ter contato sexual com nenhum macho, fenômeno conhecido como partenogênese. Mas, com o passar dos meses, e nada de filhotes, surgiram especulações. Agora, o aquário fez um comunicado dizendo que “Charlotte desenvolveu uma doença rara que impactou negativamente seu sistema reprodutivo”, mas não entrou no mérito se a arraia realmente esteve grávida no começo do ano, ou não.
“Lamentamos o atraso nas atualizações sobre Charlotte. Este tempo foi necessário para coletar dados e analisar resultados de laboratório e testes. Nossa prioridade é focar na saúde e no bem-estar de Charlotte. Trabalharemos e seremos orientados por veterinários e especialistas para entender melhor esta doença e as opções de tratamento para Charlotte. Embora a investigação desta doença seja limitada, esperamos que o caso e o tratamento médico de Charlotte contribuam positivamente para a ciência e beneficiem outras raias no futuro”, diz a declaração do aquário, que fica em Hendersonville, na Carolina do Norte.
A declaração termina com um agradecimento ao público pelo seu apoio contínuo e pede respeito pela arraia e pela sua equipe de cuidados enquanto continuam a “navegar nestas notícias inesperadas e a trabalhar para determinar o melhor caminho a seguir”.
Como Charlotte ficou famosa
As arraias grávidas carregam seus filhotes nas costas e nas laterais, e quando Charlotte começou a apresentar os mesmos sintomas, a equipe do aquário ficou perplexa, já que o animal não ficava perto de uma arraia macho há muitos anos.
Especulou-se que Charlotte poderia ter cruzado com tubarões machos que passaram por seu tanque, o que se constatou depois que não era possível, devido à incompatibilidades de DNA. Foi então que surgiu a teoria de que ela seria a primeira arraia redonda a apresentar partenogênese, ou reprodução sem fertilização de um óvulo. Comum entre pequenos invertebrados e peixes, este método de reprodução assexuada já foi documentado em mais de 80 espécies.
No entanto, agora constatou-se que, na verdade, Charlotte possui uma doença em seu sistema reprodutivo, embora o aquário não tenha divulgado exatamente qual. Um útero aumentado e ovários císticos são algumas das possibilidades.
Um estudo de 2019 publicado no American Journal of Veterinary Research examinou 48 arraias mantidas em aquários e descobriu que 65% desses animais “tinham doenças reprodutivas em desenvolvimento ou avançadas”. Em comparação, não foi detectada nenhuma doença em 12 arraias selvagens e 34 semi-selvagens, estas últimas mantidas em lagoas manejadas, mostrou a pesquisa.
Fonte: Um Só Planeta
