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Arquitetos invisíveis da Terra: estudo revela impacto surpreendente dos animais nas paisagens

Pesquisa inovadora mostra também que quase 30% das espécies responsáveis por processos geomórficos são raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção

18 de fevereiro de 2025
Redação Um Só Planeta
3 min. de leitura
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Castor — Foto: Getty Images

Os animais são verdadeiros mestres “anônimos” da arquitetura do planeta. Um estudo inovador liderado pela Universidade Queen Mary em Londres revelou os papéis surpreendentes que centenas de espécies desempenham na modelagem da superfície da Terra – desde imensos montes formados por cupins que pode ser vistos do espaço até castores que constroem represas e pântanos inteiros.

Publicado na renomada revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo inédito identificou 603 espécies, gêneros ou famílias que influenciam os ecossistemas terrestres e de água doce. Esses “engenheiros naturais”, como são chamados, variam desde pequenas formigas que movem o solo até hipopótamos que criam sistemas de drenagem, remodelando os ecossistemas de formas antes subestimadas.

“Os animais não são apenas residentes passivos, eles ativamente moldam a Terra de maneiras cruciais para o nosso meio ambiente,” diz a Professora Gemma Harvey, líder do estudo. “A pesquisa mostra que suas contribuições são muito mais significativas do que imaginávamos.”

Um dos achados mais surpreendentes do estudo é que quase 30% das espécies responsáveis por esses processos geomórficos são raras, endêmicas ou ameaçadas. Isso significa que a perda dessas espécies pode levar à interrupção de processos ecológicos importantes antes que possamos compreender completamente seu valor, com consequências graves para os ecossistemas e as paisagens das quais dependem.

O estudo também mostra como esses processos naturais podem ser usados em esforços de conservação. Iniciativas de rewilding (projetos de proteção que visam restaurar ecossistemas naturais) como a reintrodução de castores para restaurar pântanos, mostram como aproveitar esses processos movidos por animais pode ajudar a combater grandes problemas ambientais e climáticos, como a erosão e as inundações.

De acordo com a pesquisa, os animais contribuem com pelo menos 76.000 gigajoules de energia anualmente para a modelagem da superfície da Terra – uma força comparável a centenas de milhares de inundações extremas. E essa estimativa, segundo o estudo, pode ser conservadora, já que existem lacunas no conhecimento, especialmente em regiões tropicais e subtropicais, onde a biodiversidade é maior, mas a pesquisa é mais limitada.

Entre os exemplos fascinantes destacados estão os vastos cupinzeiros no Brasil, que se estendem por milhares de quilômetros quadrados, a enorme influência da desova dos salmões nos leitos dos rios e as ações das formigas, que alteram a estrutura do solo. Cada uma dessas espécies desempenha um papel essencial na arquitetura dinâmica e viva do nosso planeta.

O estudo não apenas oferece novas perspectivas sobre o poder dos animais nas mudanças das paisagens, mas também destaca a importância de preservar esses “engenheiros naturais” para manter o delicado equilíbrio dos ecossistemas em todo o mundo.

Fonte: Um Só Planeta 

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