A natureza tem fama de ter dentes e mandíbulas afiadas, mas muito da corrida armamentista no reino animal se caracteriza pela moderação e não pela carnificina. A competição entre machos é frequentemente expressa na forma de elaboradas armas feitas de ossos, chifres e quitina (a substância rígida que reveste os artrópodes).
No começo, essas armas são geralmente pequenas, mas, sob pressão competitiva, pode evoluir até alcançar proporções gigantescas. O hoje extinto alce irlandês, por exemplo, tinha galhos com mais de quatro metros. A desvantagem desse magnífico ornamento era que o pobre animal tinha de carregar mais de 40 quilos de ossos na cabeça.
Em uma nova revisão da seleção sexual, o biólogo Douglas Emlen, da Universidade de Montana (EUA), elaborou algumas ideias sobre as forças evolucionárias que tornam as armas dos animais, inicialmente meros calos ósseos, em formas tão diversificadas e ornamentadas. Se as pequenas armas são realmente feitas para destruir, à medida que sua única função é atacar outros machos, as formas mais barrocas, mesmo aquelas que inspiram algum terror, parece ter como objetivo evitar mortes desnecessárias, diz Emlen.
Frequentemente, as armais mais ameaçadoras têm a função de advertir. Em vez de arriscarem suas vidas em um combate mortal, os machos podem se avaliar a força do rival pelo tamanho das armas, evitando lutar se achar que não pode vencer. Os ornamentos também proporcionam uma forma de combate ritualizado, em que os machos podem enroscar seus chifres e medir forças numa espécie de queda-de-braço em que ninguém sairá ferido.
– As armas mais elaboradas raramente inflingem um dano real ao oponente, mas são muito efetivas para revelar as mais sutis diferentes entre o tamanho, o status e a condição física dos machos – observa Emlen.
Seriam, assim, sinais inconfundíveis da saúde e a qualidade do macho, informação sempre de grande interesse para as fêmeas. Scott Sampson, especialista em dinossauros do Museu de História Natural de Utah (EUA), diz quem entre os animais de casco, as armas frequentemente se tornam menos perigosas quando os animais começam a viver em grandes rebanhos e os machos passam a cooperar entre si para defender as fêmeas dos predadores.
Fonte: Zero Hora