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ADOÇÃO

Armadilhas, redes e paciência: operação busca resgatar 40 gatos que vivem em telhado em Botafogo (RJ)

Equipe da Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais enfrenta desafio para retirar colônia que está há décadas sobre loja de material de construção; quatro felinos já foram capturados

28 de agosto de 2025
Priscilla Litwak
6 min. de leitura
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Foto: Divulgação

Uma operação delicada está em andamento em Botafogo, bairro no Rio de Janeiro, para resgatar cerca de 40 gatos que vivem há décadas no telhado de um imóvel da Rua São Clemente, nº 5, onde funciona uma loja de material de construção. A colônia recebe comida diariamente de moradores da vizinhança, que jogam ração para os animais no alto do telhado.

De acordo com Luiz Ramos Filho, secretário de Proteção e Defesa dos Animais, a retirada é necessária devido ao risco de quedas e ferimentos.

— Alguns animais já caíram e se machucaram. Para preservá-los, precisamos retirá-los, mas o trabalho é complexo porque eles são ariscos e o local de difícil acesso — explicou.

A loja instalou redes de contenção, e a equipe da secretaria posicionou seis gatoeiras, armadilhas seguras para captura. Até o momento, quatro animais — três adultos e um filhote — já foram resgatados e levados para a Fazenda Modelo, em Guaratiba, na Zona Oeste.

O secretário ressalta que a operação continuará até que todos sejam retirados.

— É impossível pegar todos de uma só vez, porque eles fogem. Este é o único jeito de resgatá-los sem assustá-los. Tivemos que montar uma verdadeira operação de resgate — disse.

O secretário reforçou a importância de a população colaborar.

— Pedimos à população que pare de alimentar os animais jogando ração das janelas dos prédios. Precisamos controlar o momento da alimentação para que eles entrem nas gatoeiras e possam ser resgatados com segurança — explicou Luiz Ramos Filho.

Vistoria recomendou remoção

Uma vistoria técnica da Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais avaliou as condições estruturais da laje onde vivem os felinos. O laudo resultante alerta para riscos significativos à integridade física dos animais e possíveis impactos à segurança de moradores e funcionários da loja.

A vistoria concluiu que o espaço não oferece condições seguras para a permanência dos gatos, devido à falta de barreiras de proteção, à insalubridade do local e ao desgaste causado pelo número elevado de animais.

O documento recomenda a interdição imediata da área, a remoção dos felinos para um local seguro e a instalação de guarda-corpos e telas de proteção com altura mínima de dois metros, em conformidade com as normas da ABNT.

A operação para retirar os gatos começou na semana passada e seguirá diariamente, com a equipe monitorando o telhado e capturando os gatos que entrarem nas gatoeiras.

Os felinos serão castrados e microchipados, passarão por avaliação médica e ficarão disponíveis para adoção.

Moradora foi ao MP

A advogada Mariana Sampaio, moradora do prédio vizinho à loja, conta que recorreu ao Ministério Público quando observou a situação do gatos no telhado da loja.

— Eles ficam numa laje aberta, sem abrigo adequado, em cima de estabelecimentos comerciais. Os moradores jogam ração pelas janelas porque há um vão entre o prédio e a laje, que impede o acesso direto. Me mude para cá no ano passado e, assim que cheguei, dei de cara com os gatos. Quando vi a situação, me desesperei, porque gosto muito de animais — conta ela. — Desde o início, a minha intenção foi retirar os gatos dali, já que o local é perigoso. Depois disso, houve movimentação e começaram as primeiras ações de resgate.

Ela lembra ainda um episódio doloroso.

— Recentemente, quatro gatos caíram. Dois morreram. Um deles eu mesma resgatei e levei ao hospital veterinário, mas, mesmo após esperar o dia inteiro para atendimento, ele acabou morrendo na minha casa. Foi muito doloroso, porque gosto muito de animais e não consegui salvá-lo.

Apesar dos esforços, parte dos moradores próximos ao local teme que o método de contenção adotado não seja totalmente seguro.

 Ela elogia a ação da prefeitura, mas se preocupa com a forma como o trabalho está sendo feito.

— O secretário já veio aqui e fez vídeo e postou na internet explicando tudo. A gente entende que a intenção é boa e que eles estão certos em tentar, mas o comportamento dos gatos é muito diferente do comportamento dos cães. Eles ficam assustados, tentam pular. Acabei de ver um gato escalando, daqui da minha janela. Se ele caísse, a queda seria de mais de dez metros — diz.

A Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais informa que toda a ação está sendo orientada por médicos veterinários.

Fonte: O Globo 

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