Entre janeiro e agosto de 2024, a área queimada pelos incêndios no Pantanal cresceu quase quatro vezes em comparação à média dos último cinco anos, aponta o Monitor do Fogo, relatório publicado nesta quinta-feira (12) pela rede MapBiomas.
As chamas atingiram 1,22 milhão de hectares desde o início do ano, ficando 874 mil hectares acima da média, um acréscimo de 249%. Mais da metade (52%) desse total queimou em agosto. Os 648 mil hectares queimados no último mês representam a maior área queimada já observada no Pantanal para agosto pelo monitoramento, iniciado em 2019.
O mês foi também o pior em número de focos de incêndio, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com 4.411 registros, bastante acima da média de 1.478 focos e próximo ao recorde de 2005 para o mês, de 5.993. Setembro, considerado pico de queimadas para o bioma, já registra 1.053 focos.
Na avaliação da professora Cátia Nunes, titular da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), as condições climáticas de extrema seca, aumento da temperatura e falta de umidade do ar são considerados vetores para a alta combustão observada em 2024. O perigo de fogo, indicador científico que considera estes fatores, é o maior desde 1980 na região, segundo o Lasa/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
“Essas condições são resultado de ciclos naturais de variabilidade climática, onde o Pantanal alterna entre períodos mais úmidos e mais secos. No entanto, a seca atual está sendo intensificada pelas mudanças climáticas globais, que estão aumentando a frequência e a intensidade desses eventos extremos.” — Cátia Nunes, professora titular da UFMT
A atenção para a alta incidência de incêndios permanece, visto que o mês de setembro é historicamente o mês que mais queima no bioma, que passa por um período de seca extrema, alerta Eduardo Rosa, do MapBiomas.