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PRESERVAÇÃO

Arca de Noé moderna começa a ser construída no Ceará

Após a divulgação da mais recente lista dos animais em risco de extinção, com espécies marinhas, Estado vai inaugurar quarentenário para tartarugas até o fim do ano e elaborar planos específicos para outras espécies a partir de 2023.

6 de novembro de 2022
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Foto: Lisa V. Oliveira

No livro “Uma breve história da humanidade”, o professor de história e escritor israelense, Yuval Noah Harari, diz que ao contrário de seus equivalentes terrestres, os animais marinhos sofreram relativamente pouco com a Revolução Cognitiva e a Revolução Agrícola, mas atualmente muitas dessas espécies estão prestes a se extinguirem em consequência da poluição e do uso excessivo dos recursos oceânicos por parte dos humanos. Se as coisas continuarem neste ritmo, é provável que estas espécies sigam rumo ao desaparecimento. “De todas as grandes criaturas do mundo, os únicos sobreviventes da inundação humana serão os próprios humanos e os animais domésticos que servem como escravos nas galés da Arca de Noé”, diz a publicação. Portanto, é urgente entender quem pode ser o Noé do século XXI capaz de salvar a fauna dos mares do Planeta.

De acordo com o secretário estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno, que também foi professor de história e geografia, é fundamental que a humanidade se volte para a questão central da nossa existência, que é a sobrevivência da biodiversidade. “Para isso, precisamos de muita ciência e vontade política dos tomadores de decisões, tanto dos governantes, como dos líderes empresariais e líderes do terceiro setor. Hoje, nossa salvação está em dar importância à ciência, porque é ela quem nos mostra que animais são esses, e na vontade política de promover políticas públicas de preservação dessas espécies ameaçadas”.

Extinção
Na lista vermelha mais recente dos animais ameaçados de extinção no Estado, divulgada pela Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) no último dia 5 de outubro, estão três mamíferos e quatro tartarugas marinhas. O boto-cinza (Sotalia fluviatilis) encontra-se na categoria “Em Perigo” e a baleia cachalote (Physeter macrocephalus) consta como “Vulnerável”. Além deles, a espécie mais preocupante é o peixe-boi-marinho (Thrichechus manatus), que foi definido como “Criticamente em Perigo”. A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) está classificada como “Criticamente em Perigo”, a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) está como “Em Perigo”, a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-cabeçuda estão na situação de “Vulnerável”.

Preservação de espécies vira estratégia de gestão

Com o resultado do estudo feito pela da Sema e pela Superintendência do Meio Ambiente do Ceará (Semace), o Ceará já parte para a ação.

“Nós acabamos de aprovar, na Funcap, os chamados Planos de Ação Estaduais (PAEs), para a preservação de algumas espécies ameaçadas. Então, tomamos a decisão política de priorizar os mamíferos marinhos e as tartarugas. Ainda este ano vamos inaugurar, em parceria com a Semace, com o Labomar (Instituto de Ciências do Mar), com o Instituto Verdeluz, com a Polícia Ambiental e com o Corpo de Bombeiros um quarentenário de tartarugas”, revela Artur Bruno.

Quando for encontrada uma tartaruga ferida ou em condições ruins de saúde, informa o secretário, ela será levada para o quarentenário, que vai funcionar no Centro de Estudos Ambientais no Labomar do Eusébio.

Ali, passará por um tratamento para recuperação (a quarentena) e será devolvida ao habitat natural. Se o caso for grave, após o tratamento ela será encaminhada ao Centro de Atendimento no Rio Grande do Norte.

A partir de 2023, serão colocados em prática os planos de ação específicos para algumas espécies, como golfinhos, pássaros e mamíferos terrestres. A ideia é trabalhar no litoral, no Maciço de Baturité e no Cariri, inicialmente.

Agenda ambiental e educação são pilares das políticas públicas

A identificação do Governo do Ceará com a agenda ambiental está consolidada em atitude, polítcas públicas e firmemanifestação dos gestores. Nessa linha é que a governadora Izolda Cela (sem partido) viaja ao Egito para participar da 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 27. Lá, a chefe do Executivo vai apresentar o trabalho do Estado neste campo. “O Ceará está totalmente alinhado com as propostas globais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, fortalecendo a matriz energética de baixo carbono no Estado. Recentemente criamos o Plano Estadual de Transição Energética Justa – Ceará Verde, que confirma o nosso estado na vanguarda do Hidrogênio Verde no país. Já temos mais de 20 acordos assinados para implementação de usinas do combustível limpo no Ceará. Isso nos permitirá avançar na descarbonização e gerar mais desenvolvimento, emprego e renda no estado”, disse Izolda.

A governadora estará ao lado de chefes de Estado, ambientalistas e pesquisadores do mundo todo para debater medidas de contenção das mudanças climáticas a partir de mecanismos aplicáveis globalmente. A COP 27 começa amanhã e segue até o próximo dia 12. Izolda Cela terá encontros com representantes do setor de energias limpas, participará de painel sobre o Acordo de Paris e apresentará as ações realizadas para a descarbonização no Estado.

A gestora também fará reuniões com investidores da área de Hidrogênio Verde (H2V). Entre eles, o presidente mundial da Fortescue, Andrew Forrest, multinacional australiana líder na produção de H2V. Eles assinam novo memorando de entendimento reafirmando o trabalho conjunto entre Governo do Estado e a empresa para implantação de usina no Ceará.

Oceano
O titular da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), Arthur Bruno, diz que os principais fatores de poluição marinha, na costa estadual, são a falta de esgotamento sanitário nas praias de vários municípios, o que leva efluentes para o mar, e a poluição humana, que inclui a ação de barracas de praia e o descarte de plástico nos mares, inclusive das redes de pesca. “O oceano, na verdade, é um só e constitui 71% do Planeta. Então, a poluição se espalha de qualquer lugar em que for lançada, veja os exemplos das manchas de óleo. A ação é local, mas a estratégia precisa ser global. Não adianta apenas um país se preocupar se os outros não estiverem também atuando”, alerta.

Quem pode ser o Noé moderno como melhor estratégia para combater todas essas mazelas é a educação ambiental, que deve entrar no currículo do ensino público do Ceará. “Dentro da educação ambiental, vamos colocar elementos de cultura oceânica, via decreto, ainda este ano. Precisamos acelerar essa educação no Estado e no País”, explica Artur Bruno. Que as iniciativas possam funcionar como uma grande corrente do bem comportamental e todo o Globo um dia aprenda a proteger a vida marinha.

 

Fonte: O Otimista

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