A Polícia Civil está monitorando grupos de compra e venda de animais silvestres. As espécies são anunciadas abertamente em redes sociais.
Tem macaco-prego, arara, sagui e até filhote de jacaré. Os vendedores e os compradores não parecem se preocupar com a prática ilegal.
“É tudo bem cuidado, tudo bem tratado. Não é animal de feira não, é animal de criação mesmo.”
“Vejo o manejo deles, aí se eu gostar do animal eu compro pra mim, crio um pouquinho e depois revendo.”
Um dos participantes, que usa o nome de Chefinho, anuncia a venda de um macaco-prego filhote por R$ 5,5 mil e manda um vídeo. É um casal de filhotes, bem pequenos, que aparecem de fralda na imagem.
O RJ1 entrou em contato com o negociador, que garantiu a entrega rápida.
RJ1: Entendi, mas se eu quiser um macaco-prego pra semana que vem demora pra conseguir?
Chefinho: Não, demora não. ‘Quero hoje’, vai chegar hoje.
RJ1: E esse vem de São Paulo?
Chefinho: Vem de São Paulo, geralmente vem de São Paulo.
Chefinho ainda mostra experiência no tipo de negociação e disponibiliza um catálogo extenso, com muitas outras ofertas.
“Já vendi todos os tipos de animais que apareceu. O cliente manda: ‘ah, eu tô querendo um jacaré’. Eu vejo aqui, aí tem, mané. Aí eu já passo o contato, a pessoa vai lá pega, já me agradece ‘aí muito obrigada’, me dá a minha moral e tô muito feliz.”
O vendedor fala abertamente que os animais não têm licença e explica que se quiser com a documentação em dia, o valor aumenta.
RJ: Mas vocês pegam onde? Da Floresta da Tijuca?
Chefinho: Não, da Floresta da Tijuca não. Vem de São Paulo.
Não existe nenhum critério para participar desses grupos de conversa. Em um deles, são mais de 900 participantes.
Apesar de não ser voltado exclusivamente para venda e compra de animais, há uma grande variedade de espécies sendo anunciadas livremente.
Em outro grupo, um felino é anunciado por R$ 17 mil reais. Parece uma onça, mas é um gato-maracajá.
A Polícia Civil diz que tem monitorado esses grupos. Nessa terça-feira (10), um filhote de mico foi resgatado na Vila da Penha, na Zona Norte. O vendedor foi intimado a prestar depoimento.
“É importante registrar que, tanto aqueles que caçam, apanham, perseguem e vendem, como aqueles que adquirem, transportam e guardam os animais, estão cometendo um crime previsto no artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais”, diz o delegado André Prates.
“Todos os métodos que envolvem o tráfico são absolutamente cruéis, as pessoas colocam cola pra capturar os passarinhos dos galhos. Os papagaios são arrancados dos ninhos ainda filhotes, muitas vezes as mães são mortas. Filhotes de onça são separados das mães e as mães são mortas”, diz o presidente do Instituto Vida Livre, Roshed Seba.
Na segunda-feira (9), um casal foi preso em flagrante por dopar macacos no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio. A dupla colocava medicamentos em bananas fazendo armadilhas para atrair os animais.
Fonte: G1