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VARIEDADE

Arara-azul: descubra os três grupos geneticamente distintos da ave símbolo do Brasil

17 de setembro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Rodrigo Mexas

A arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) é uma ave nativa da região neotropical, sendo encontrada na América do Sul, basicamente concentrando-se ao sul do rio Amazonas, ou seja, em boa parte do Brasil. Dentro desse território, as araras-azuis vivem em uma variedade de habitats, incluindo florestas, o Cerrado e savanas de palmeiras, como o Pantanal. É o que explica a Animal Diversity Web (ADW), enciclopédia online mantida pelo Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

O Pantanal – atualmente com sua vegetação bem comprometida por conta de diversas queimadas – é um habitat particularmente importante para as araras-azuis, proporcionando um oásis para as aves, diz a ADW. Porém, não é só nesse bioma onde se pode ver a arara-azul: em uma pesquisa do Instituto de Biociência da Universidade de São Paulo (USP) ficou comprovado que existem três grupos distintos de araras-azuis no país.

Conheça melhor essa bela ave, que segue marcada como uma espécie “vulnerável” para a extinção pela lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (Iucn) e descubra quais são os três diferentes grupos dessas aves símbolo do país.

Quais são as principais características da arara-azul?

A arara-azul é a maior espécie de todos os papagaios (família Psittacidae), podendo medir até 1 metro (da ponta do bico a ponta da cauda), como explica a ADW. As aves adultas pesam até até 1,3 kg, no entanto, existe um momento em que os filhotes podem atingir até 1,7 kg quando chegam ao pico de seu peso.

As araras-azuis possuem plumagem na cor azul-cobalto, em tom degradê da cabeça para a cauda, sendo preta a parte inferior das penas das asas e da cauda, e um amarelo intenso ao redor dos olhos (o chamado anel perioftálmico).

O bico da arara-azul, por sua vez, é considerado grande, maciço, curvo e preto, formando quase um círculo com sua cabeça. A língua dessa ave é espessa e também preta, e chama atenção pela faixa amarela nas laterais, como detalha a enciclopédia animal.

Outra característica importante é que as araras-azuis são sociáveis e vivem em família, bandos ou grupos. É difícil encontrá-las sozinha em vida livre. Elas são aves que apresentam certa fidelidade aos locais de alimentação e reprodução, por conta disso também os biólogos da USP puderam mapear os três grupos distintos presentes no Brasil.

Os três diferentes grupos de arara-azul do Brasil

Uma pesquisa realizada no Instituto de Biociências da USP mostra que existem pelo menos três populações geneticamente distintas de araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) em território brasileiro. Segundo o estudo, no Pantanal há dois grupos: um localizado ao norte do bioma e outro mais ao sul. Já o terceiro grupo fica na região que compreende o Norte do Brasil (no Pará) e o Nordeste (nos estados de Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia).

Esse estudo permite um manejo mais adequado de cada subespécie, além de ajudar no combate do tráfico de aves raras, já que segundo a pesquisa da USP, desta forma é possível saber melhor a origem de cada ave.

“Se uma ave for resgatada nas mãos de traficantes, será possível, com base no estudo, determinar qual a probabilidade da arara ter sido retirada de um desses locais e, com isso, fornecer elementos que ajudem a estabelecer a rota de tráfico”, aponta a bióloga Flávia Torres Presti, bióloga responsável pela pesquisa.

Conhecer cada grupo de araras-azuis ajuda a proteger essas aves
O mapeamento dos grupos contribui para a proteção das araras-azuis, já que apesar das diversas características semelhantes, por conta do diferente habitat elas desenvolveram hábitos alimentares bem distintos.

No Pantanal, por exemplo, a alimentação da arara-azul é baseada no fruto de duas palmeiras: a bocaiúva e o acuri. Já nos estados nordestinos, as aves se alimentam de frutos da piaçava e do catolé. No sul do Pará, por sua vez, as aves se alimentam de inajá, babaçu, tucum, gueroba, de alguns frutos de bacuri e de macaúba, mostra a investigação dos biólogos.

Flávia Torres Presti ainda afirmou, no site da USP, que há diferenças entre as araras-azuis do Pantanal, formando dois grupos, além do grupo do Norte/Nordeste: “Como são isoladas geograficamente, as aves de uma região não teriam como acasalar com as outras e, assim, cada grupo evoluiu de maneira distinta”, explica Flávia.

Segundo a bióloga, pensava-se também que as aves do Pantanal eram geneticamente idênticas. Porém, uma análise mitocondrial revelou a existência de três grupos distintos: Pantanal norte, Pantanal sul, Norte/Nordeste.

Fonte: National Geographic

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