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ESTUDO

Aquecimento global: mudança no comportamento de caça dos peixes pode levar a aumento de extinções

15 de julho de 2025
Filipe Pimentel Rações
2 min. de leitura
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Foto: German Centre for Integrative Biodiversity Research (iDiv)/Halle-Jena-Leipzig

O aquecimento global está fazendo com que as águas dos mares e oceanos também aqueçam, afetando a vida e o comportamento das muitas espécies de peixes que habitam neles.

Uma pesquisa realizada no Mar Báltico revela que os peixes predadores estão preferindo caçar e consumir presas mais abundantes em águas mais quentes. Embora isso lhes dê acesso a uma fonte imediata de calorias, os predadores podem estar colocando em risco sua saúde e sobrevivência a longo prazo, já que as presas mais abundantes tendem a ser menores e, portanto, menos calóricas.

Em um artigo publicado na revista Nature Climate Change, pesquisadores da Alemanha, Reino Unido e Finlândia argumentam que esses peixes precisam consumir mais calorias quando as águas estão mais quentes, porque temperaturas mais altas aceleram seu metabolismo e, assim, aumentam a perda de energia. Mas, na falta de presas mais calóricas, os predadores ficam limitados às mais abundantes, porém menos adequadas às suas necessidades energéticas.

Por isso, eles alertam que o aquecimento dos mares e oceanos pode levar ao aumento de extinções de espécies de peixes predadores, mesmo que eles consigam adaptar seus comportamentos de caça para incluir outras presas além das que estão acostumados a consumir. Apesar da flexibilidade que possam demonstrar, tudo indica que eles se tornarão mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.

Benoit Gauzens, primeiro autor do estudo, explica em um comunicado que se acredita que os peixes podem adaptar seus comportamentos de busca por alimento para maximizar a ingestão de calorias. No entanto, “esses resultados sugerem que os peixes – e também outros animais – podem responder ao estresse causado pelas mudanças climáticas de formas inesperadas e ineficientes”.

O estudo consistiu na análise de dados coletados entre 1968 e 1978 sobre o conteúdo estomacal de várias espécies de peixes do Mar Báltico, como o linguado (Platichthys flesus), e concluiu que, de fato, parece haver uma mudança nas preferências de presas à medida que as águas ficam mais quentes – das menos abundantes e mais calóricas para as mais abundantes, porém menos calóricas.

“As espécies de peixes no Mar Báltico, e em outros lugares, estão enfrentando múltiplas pressões causadas pelos humanos, como a pesca excessiva e a poluição”, comenta Gregor Kalinkat, outro dos autores. E a mudança nas preferências de presas pode ser mais um fator que dificultará a recuperação de várias populações de peixes.

A adaptação às condições ambientais, como mudar a forma de caçar e a seleção de presas, “costuma ser a chave para manter altos níveis de biodiversidade nos ecossistemas”, afirma Gauzens. “Por isso, é intrigante ver que isso pode não ser totalmente verdade em um contexto de aumento de temperatura.”

Fonte: Greensavers

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