A tundra ártica está liberando os gases de efeito estufa que mantém armazenados há milênios sob seu solo congelado devido aos incêndios cada vez mais frequentes na região, afirmou nesta terça-feira (10/12) a Agência Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa).
“Nossas observações mostram que a tundra ártica, que está passando por um aquecimento e um aumento dos incêndios florestais, está agora emitindo mais carbono do que armazena, o que agravará o impacto da mudança climática”, declarou o administrador da agência, Rick Spinrad.
O Relatório Ártico 2024 revelou que as temperaturas anuais do ar na superfície do Ártico este ano foram as segundas mais quentes registradas desde 1900.
O aquecimento global tem um duplo efeito nesta região polar. Ao mesmo tempo que estimula a produtividade e o crescimento das plantas, o que remove o dióxido de carbono da atmosfera, também provoca um aumento da temperatura do ar na superfície que causa o degelo do permafrost (tipo de solo que permanece congelado durante todo o ano).
Quando esta camada de gelo subterrânea descongela, o carbono retido debaixo dele é decomposto por micróbios e liberado na atmosfera sob a forma de dióxido de carbono e metano, dois potentes gases de efeito estufa.
A mudança climática provocada pelo homem também está intensificando os incêndios florestais em latitudes elevadas, o que aumentou a superfície incendiada, a intensidade e as emissões de dióxido de carbono.
Os incêndios florestais não só incendeiam a vegetação e a matéria orgânica do solo, liberando carbono na atmosfera, mas removem as camadas isolantes da terra, acelerando o derretimento do permafrost.
Desde 2003, as emissões de incêndios florestais circumpolares atingiram, em média, 207 milhões de toneladas de carbono por ano, segundo a Noaa. Ao mesmo tempo, os ecossistemas terrestres do Ártico continuam sendo uma fonte constante de metano.
“A catástrofe climática a que estamos assistindo no Ártico já está tendo consequências para as comunidades de todo o mundo”, afirmou Brenda Ekwurzel, cientista climática da Union of Concerned Scientists.
“Uma vez atingidos, muitos destes limiares de impactos adversos nos ecossistemas não podem ser revertidos”, acrescentou.
Fonte: Brasil de Fato