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AQUECIMENTO DOS MARES

Aquecimento dos mares no Atlântico Norte pode prejudicar principais populações de peixes

18 de agosto de 2023
Green Savers
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Foto: Ilustração | Freepik

O Marine Stewardship Council (MSC), uma Organização Não Governamental que estabelece uma norma global para a pesca sustentável, alerta que a onda de calor marinho que está registrando temperaturas recordes no Atlântico Norte, juntamente com o aquecimento dos mares devido à aceleração das mudanças climáticas, “pode ter um impacto devastador, afetando as espécies icônicas de peixes pelágicos no Atlântico Norte”.

De acordo com a mesma fonte, espécies como a cavala, o arenque atlanto-escandinavo e o verdinho “dependem das águas mais frias do Atlântico Norte para se reproduzirem e manterem populações saudáveis”. No entanto, o aquecimento dos mares “poderá limitar sua capacidade de desova, levando a uma diminuição no número de peixes e afetando significativamente o fornecimento de produtos do mar e os ecossistemas oceânicos”.

O aquecimento dos mares “também pode influenciar a migração dos peixes em direção ao norte, em busca de temperaturas mais frias, por isso é importante que os governos trabalhem juntos, além de suas fronteiras nacionais, para garantir monitoramento e gestão eficaz das populações de peixes compartilhadas”, destaca o comunicado.

A mesma fonte acrescenta que essas espécies “já estão sendo sobre-exploradas porque as principais nações pesqueiras, como o Reino Unido, Noruega, União Europeia, Islândia, Ilhas Faroé, Groenlândia e Rússia, não conseguiram concordar com cotas de pesca totais em conformidade com as avaliações científicas”. Essa paralisação política, combinada ao aquecimento dos mares, que empurra os peixes para o norte e altera seus padrões de distribuição, “está criando a tempestade perfeita que ameaça o futuro dessas importantes reservas de peixes”.

À medida que os mares se tornam mais quentes e as ondas de calor marinhas mais frequentes, os governos “devem priorizar a gestão sustentável dessas populações, a fim de garantir sua resiliência aos impactos das mudanças climáticas”, adverte.

O aquecimento dos mares reduziu as populações de arenque atlanto-escandinavo em 40%

Se não conseguirem concordar com estratégias de manejo pesqueiro inteligentes do ponto de vista climático, as consequências para as populações de peixes “serão ainda mais graves”. As pesquisas concluíram que o aquecimento dos mares, incluindo as ondas de calor marinhas, reduziu algumas populações de arenque atlanto-escandinavo em 40% entre 2005 e 2015.

Olav Sigurd Kjesbu, principal cientista do Instituto de Pesquisa Marinha da Noruega, afirmou: “Sabemos que essas espécies pelágicas são sensíveis às mudanças de temperatura. Já vimos que o clima afeta sua distribuição, capacidade de desova e taxas de mortalidade. O rápido aquecimento dos mares pode acelerar essas mudanças. Com base em análises recentes, também pode ter um impacto significativo na capacidade de reprodução do arenque e do verdinho”.

Os cientistas estão preocupados que, se a atual onda de calor marinho no Atlântico Norte persistir, ela possa repetir os impactos de ondas de calor marinhas semelhantes ocorridas em todo o mundo. Tanto a onda de calor marinho de 2011 na Austrália Ocidental quanto a de 2014-2016 na Costa Oeste dos EUA reduziram as populações de peixes a ponto de as pescarias ficarem fechadas por mais de três anos para ajudar a restabelecer as populações de peixes.

Christopher Free, do Instituto Marinho da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, explica que “na última década, ondas de calor marinhas afetaram a pesca globalmente. Se as condições no Atlântico Norte continuarem quentes, catástrofes semelhantes podem estar à vista”.

O fenômeno El Niño, que se prevê provocará ondas de calor em 50% dos oceanos até setembro, já levou a maior pescaria pelágica do mundo, a pescaria peruana de Anchoveta, a cancelar a campanha de pesca deste ano.

Erin Priddle, Diretora Regional do MSC para a Europa, destaca que “os formuladores de políticas precisam encontrar maneiras de incorporar as mudanças nas populações, como a alteração na distribuição dos pelágicos do Atlântico Nordeste, em planos de manejo pesqueiro sólidos e de longo prazo”.

Sem um planejamento “conjunto e eficaz”, acrescenta, “nossos recursos pesqueiros podem estar em risco de sobre-exploração, excesso de pesca e até mesmo colapso das populações de peixes”. E ela cita o exemplo do arenque atlanto-escandinavo na década de 1960, “quando a sobre-exploração e a má gestão das populações tiveram enormes consequências econômicas e sociais, resultando na falência de muitas empresas de pesca e processamento de arenque e na perda de milhares de empregos”.

“Com mudanças políticas e ambientais ainda maiores em vista, precisamos aprender com o passado e garantir que o manejo pesqueiro esteja preparado para o clima, seja resiliente e se adapte às mudanças”, conclui.

Fonte: Greensavers

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