Como se não bastasse manterem animais aprisionados para entretenimento, agora, alguns aquários estão ultrapassando qualquer limite moral para dar vida a “novas espécies” e perpetuarem o ciclo de exploração e crueldade.
No Havaí, Estados Unidos, a criação de híbridos, conhecidos como “orfinhos” (ou wholphins, em inglês), tem gerado sérias preocupações éticas e relacionadas aos direitos animais. Os animais híbridos, resultantes do cruzamento entre orcas e golfinhos, surpreendentemente são férteis, o que permite a formação de uma pequena linhagem já na primeira geração, mantida em cativeiro no Sea Life Park. A manipulação genética, neste caso, não leva sequer em conta o bem-estar dos animais envolvidos.
A história dos híbridos do Havaí começa com Kekaimalu, uma fêmea de orfinho, cujo nascimento resultou do acasalamento entre uma mãe golfinho-nariz-de-garrafa, com aproximadamente dois metros de comprimento, e um pai falsa-orca, também conhecido como orca-bastarda, com impressionantes cinco metros. A diferença de tamanho entre essas duas espécies é extremamente perigosa e levanta questionamentos sobre os riscos enfrentados durante a gestação.
Na natureza, casos de hibridização entre animais de diferentes espécies não são incomuns, como o recente registro de uma junção entre uma raposa e um cachorro identificada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também existem registros de diferentes espécies de macacos cruzando entre si. No entanto, no caso dos orfinhos, é importante ressaltar que esse cruzamento provavelmente não ocorreria naturalmente.
No Sea Life Park do Havaí, onde os híbridos são criados, a proximidade forçada entre esses animais e a falta de acesso a parceiros naturais demonstram que a única preocupação é apenas exploratória.
A equipe de cuidadores só descobriu o cruzamento quando Kekaimalu nasceu, uma vez que os pais compartilhavam uma piscina dentro do parque havaiano, o que limitava o acesso a outros parceiros e a possibilidade de escape. Anos depois, Kekaimalu acasalou com um golfinho e deu à luz pelo menos três filhotes, demonstrando a fertilidade desses híbridos.
Embora tenha sido registrado um cruzamento semelhante em um parque em Tóquio, no Japão, em 1981, que originou Kekaimalu, o filhote resultante desse acasalamento inexplicavelmente morreu antes de completar 200 dias de vida.
O fato de Kekaimalu ter acasalado com um golfinho e dado à luz a pelo menos três filhotes revela a fertilidade desses híbridos, o que é uma exceção à regra geral de que a maioria dos híbridos entre espécies diferentes tende a ser estéril.