Por Brandon Bosworth
Traduzido por Giovanna Chinellato (da Redação)
O mês de maio está sendo um marco nos esforços para proteger os tubarões. A legislação estadual do Havaí, nos EUA, em uma votação quase unânime, aprovou a lei Senate Bill 2169, que proíbe a posse, venda e distribuição de barbatanas de tubarão no estado. É a primeira proibição do tipo. A lei foi introduzida pelo senador Clayton Hee, um dos políticos mais progressistas do Havaí quando se trata de questões ambientais ou de direitos animais. Hee tem comparado práticas de matança de tubarões pelas barbatanas a matança de elefantes pelo marfim.
A prática cruel conhecida como shark finning está bem resumida no texto da lei:
A prática de shark finning, em que um tubarão é capturado, a barbatana cortada fora, e o animal é devolvido para a água, causa dezenas de milhões de mortes lentas por ano. Alguns tubarões morrem de fome, outros são lentamente comidos por outros peixes, e alguns se afogam já que a maior parte deles precisa estar em constante movimento para forçar a entrada de água em suas brânquias, por oxigênio.
Karyn Herrmann, uma bióloga marinha de Honolulu, alerta que tubarões crescem devagar, têm maturidade sexual tardia, têm poucos filhos e são especialmente vulneráveis à sobrepesca. E tubarões são com certeza sobrepescados. De acordo com Hee, cerca de 89 milhões de tubarões são mortos por suas barbatanas globalmente a cada ano. A Shark Savers põe o número acima de 100 milhões, e estima que 97 a 99% das populações regionais de espécies de tubarões já se tenham extinguido. No mínimo 50 espécies correm alto risco de extinção e muitas outras estão ameaçadas.
De acordo com a WildAid, além do direito fundamental à vida, “os tubarões desenvolvem um papel muito importante nos oceanos de uma forma que peixes comuns não fazem. Os tubarões estão no topo da cadeia alimentar e praticamente em todo o oceano. Nesse papel, eles mantêm populações de outros peixes saudáveis e na proporção certa para seu ecossistema.” Sem tubarões, todo o ecossistema marinho entraria em colapso.
Mas e o filme Tubarão? Os tubarões não são perigosos para humanos? Em uma palavra: Não. Com base em informações do Florida Museum of Natural History, em média, não mais de cinco pessoas são mortas por tubarões no mundo todo anualmente. São essas cinco pessoas mortas por tubarões contra os 100 milhões de tubarões mortos por pessoas. Uma relação bem desbalanceada.
Na verdade, tubarões podem ser perigosos… se você comê-los. De acordo com estudos conduzidos pela Hong Kong Baptist University e pela Wild Aid, um quarto das barbatanas de tubarão analisadas tinham níveis de mercúrio muito acima do que os valores máximos dados pela World Healt Organization. E não é apenas mercúrio, já que tubarões podem ter níveis muito altos de arsênico também. Ironicamente, na China, a sopa de barbatana de tubarão é tradicionalmente vista como alimento saudável. Alguns acreditam que seja um afrodisíaco, o que é mais irônico ainda, já que o mercúrio pode levar à impotência e perda de apetite sexual.
Considerando que o Havaí tem a maior população chinesa-americana, é surpreendente que as questões de tradição e cultura não tenham se erguido durante os debates para banir a barbatana de tubarão. Talvez seja porque tubarões são reverenciados na cultura havaiana. Como explicou o senador Hee (ele próprio parte chinês parte havaiano), “o tubarão é o aumakua, o guardião da família para os havaianos.”
Ou talvez as pessoas simplesmente perceberam o que é realmente importante. Wesley Fong, ex-presidente da Chinese Chamber of Commerce e líder da comunidade em Chinatown, disse que a escolha é entre um paladar alheio a tudo e preservar o ecossistema marinho. “A proteção do oceano devia vir primeiro.”
A ex-primeira dama, Vicky Cayetano, provavelmente descreve melhor: os tubarões são mais importantes no oceanos do que numa sopa.
Com informações do Animals Change