Fair Soares
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A vida já me pregou muitas peças, como acontece com todo mundo. No entanto, sempre fui um cavalo de luta, um cavalo guerreiro.Tenho a consciência tranquila que fiz minha parte, apesar de não saber até agora qual era… Trabalhei muito. Apanhei muito. Passei muita fome.
Sou esbelto assim não por modismo ou que esteja pleitiando a carreira de modelo. É pela fome mesmo! Fome e sede é muito triste e não deveria ser imposta a qualquer ser vivo. Um ser vivo tem o direito de ter suas necessidades vitais atendidas. Mas fazer o quê? É a vida dos cavalos… Somos escravos e o mundo é cego! Talves sejamos invisíveis, não sei.
Quem sabe um duende verde e brincalhão tenha derramado um pó de “pirlimpimpim” em nós os cavalos… ficamos invisíveis nesta terra. É possível! Ninguém vê nosso sofrimento, nossas chagas e ainda dizem que somos “apenas cavalos”. Enfim!
Dia 15 de março de 2012 foi minha redenção: encontrei o paraíso dos cavalos. Recebi o nome de Vitório. Bonito não? Vitório porque a vida foi vitoriosa. Me deram remédio para dor, ganhei comida farta e água fresquinha. Água, direito de todos.
Pela primeira vez na minha vida vi gente trabalhando para mim. As moças vieram dentro do reboque junto comigo para que eu não caísse. Nunca imaginei que houvesse humanos assim. Ganhei uma madrinha que brigou e chorou muito me defendendo. Ela quer ser minha tutora. Fico pensando… numa fração de segundos pode mudar a vida da gente. A minha felizmente foi para melhor.
Agora é só curtir o vidão!