O auditório é educado e ouve atentamente, embora não tenha outra opção. Oitenta detentos de uma penitenciária da Louisiana, sul dos Estados Unidos, receberam nesta segunda-feira (3) uma aula sobre limpeza de aves sujas de petróleo. Com a mancha de óleo que ameaça a região, o estado prepara os presos para enviá-los a missões avançadas.
De qualquer forma, afirma Rebecca Dunne, da Tri-State, uma ONG especializada na limpeza de aves, há poucas chances de os detentos acabarem esfregando um pelicano para tentar tirar da ave o mortífero petróleo. “Esse é um trabalho para profissionais”, afirmou, após o curso organizado na penitenciária de Belle Chasse, nos arredores de Nova Orleans.
Os prisioneiros “efetuarão sobretudo trabalhos de carpintaria ou de encanador em nosso centro de cuidados”.
Durante uma hora, Rebecca Dunne mostra fotos, diagramas e estatísticas para explicar a seu público no que consiste a limpeza de uma ave.
Dunne e Michael Carlos, biólogo do Departamento de Fauna e Pesca do Estado de Louisiana, afirmam que temem sobretudo pelos pelicanos e pelos maçaricos-assobiadores, pequenos pássaros cuja sobrevivência está ameaçada nos pântanos do delta do Mississipi – uma região que poderá ser atingida pela mancha de petróleo surgida no Golfo do México depois da explosão da plataforma Deepwater Horizon, da petroleira BP.
Os presos responderam à lição. “O ‘bayou’ (grande região úmida do sul da Luisiana) é nossa casa. Não suporto ver os animais sofrendo”, afirma Jonathan Boudreaux, 27 anos.
Jonathan foi condenado por violar os termos de sua liberdade condicional. Ele participa da aula especial porque se beneficia de um programa de reinserção destinado a criminosos que cometeram infrações menores.
Com informações de o Correio Braziliense