Um filhote de bugio-ruivo, com apenas algumas semana de vida, foi resgatado em uma rodovia próxima à cidade de Taquara extremamente debilitado, mas passa bem após cirurgia feita no GramadoZoo (RS). Segundo o médico veterinário Rafael Pagani, o pequeno tinha uma fratura exposta e apresentava perda da musculatura. Quando encontrado, o filhote não tinha sinais básicos de vitalidade.
O filhote, batizado pela equipe do zoo de Chocolate, recebeu cuidados intensivos durante uma semana, com acompanhamento dos padrões clínicos e dieta controlada a cada duas horas. Com a melhora, o bugio-ruivo foi submetido à cirurgia para amputação do braço direito. Hoje recupera-se da operação com acompanhamento especial da equipe do hospital do zoológico.
A espécie
De acordo com informações do GramadoZoo, uma das características do bugio-ruivo (também conhecido por guariba, barbado ou macaco-uivador) é o apego maternal. Os filhotes se tornam independentes somente com vinte meses de idade, quase dois anos, por isso a necessidade do “cuidado especial” por parte da equipe veterinária com Chocolate.
A espécie pode chegar até 75 cm de comprimento e sua pelagem varia de tons ruivos, ruivo-acastanhados, castanho e castanho-escuro. O bugio-ruivo é famoso por seu grito, que pode ser ouvido por toda a mata, e pela presença de pelos mais compridos nos lados da face, formando uma espécie de barba.
Este animal tem como habitat natural a Mata Atlântica, na qual vive em estratos arbóreos de 10 a 20 m. O bugio-ruivo alimenta-se de folhas, frutos e flores e ocorre, no Brasil, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, sendo que nestes dois últimos estados a espécie está ameaçada de extinção.
A gestação da fêmea de bugio-ruivo dura de 185 a 195 dias, nascendo apenas um filhote por vez, com média de 120 g. A fêmea sempre carrega o filhote, que desmama cerca de dois anos depois.
Vida selvagem
Chocolate passará ainda por uma série de exercícios para reforçar a musculatura e, assim, consegui subir em árvores. Os veterinários do zoo afirmam que os primatas tendem a se adaptar com bastante facilidade frente às amputações de membros, principalmente pela utilização da cauda com a qual eles também conseguem se agarrar.
Contudo, os especialistas explicam que, por se tratar de um filhote que foi forçado a se adaptar ao convívio com os humanos e também devido à ausência de um braço, o animal não poderá ser devolvido para a natureza, pois não conseguiria encontrar alimento sozinho nem reconhecer seus inimigos e possíveis predadores. Chocolate terá de viver em um zoológico.
“Essa é uma importante função dos zoológicos”, explica Pagani. “Além de ser um centro de educação ambiental, pesquisa e conservação das espécies, recupera e fornece abrigo para esses animais sem condições de retornar para a natureza”, afirma.
Fonte: Terra