Quem não ama esperar o verão chegar para cair na estrada e curtir o litoral brasileiro? Tenho certeza que muitos de nós. Porém, alguns visitantes preferem vir para a nossa costa no inverno. Estamos falando de uma das mais queridas e famosas baleias que habitam nossos oceanos: a Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae).
As baleias-jubarte são encontradas em quase todos os mares e, anualmente, a maioria das populações percorrem grandes distâncias, viajando milhares de quilômetros pelo oceano. Mas por que elas fazem isso?
Bom, esse fato está relacionado com o ciclo de vida dessa espécie, que possui áreas distintas para alimentação e reprodução.
A população de baleias-jubarte da nossa costa passa o verão em águas mais frias do hemisfério sul, no oceano antártico, onde se alimentam e ganham gordura e reserva energética para encarar uma viagem de quase 4500 km até o Brasil. Aqui é onde elas vão acasalar, reproduzir e cuidar de seus filhotes, até que eles consigam encarar uma viagem de volta para a Antártica.
Estima-se que essa população que habita nossa costa durante o inverno possua cerca de 20 mil indivíduos e é possível observar esses animais de vida livre em diversos locais do litoral brasileiro, como o arquipélago dos Abrolhos e o litoral da Bahia e do Espírito Santo.
Esse tipo de atividade possibilita não só a realização de ações de educação ambiental, mas também uma movimentação na economia local, uma vez que, nessas regiões é possível realizar passeios turísticos para observação das jubartes.
No entanto, nem sempre foi assim. Devido à caça, há cerca de 20 anos, a estimativa populacional das baleias-jubarte em nossa costa era de apenas mil indivíduos, e, desde então, passaram a ser realizados diversos projetos de pesquisa e conservação buscando conhecer e proteger essa espécie.
Foi todo esse esforço que levou à recuperação populacional das baleias-jubartes em nossa costa e, com o aumento do número de baleias, em 2014, a espécie saiu da lista nacional de animais ameaçados de extinção.
Apesar dessa recuperação, ainda é preciso estar atento, pois, durante sua jornada pelos mares, as jubartes enfrentam uma série de riscos: a falta de alimento devido ao aquecimento global – o que as enfraquece para a migração; a colisão com embarcações, emalhe em redes de pesca, contato com água contaminada e resíduos de origem humana, como o plástico, além de que os filhotes ainda correm o risco de se perder da mãe, sua única fonte de cuidado e alimento.
Qualquer um desses motivos pode levar adultos e filhotes a encalhar em nossas praias, sendo preciso mobilizar diversas instituições na tentativa de salvar o animal ou, caso isso não seja possível, para obtenção do máximo de informações sobre o que o levou a encalhar.
Caso aviste uma baleia encalhada, entre em contato imediatamente com alguma instituição de pesquisa ou órgão ambiental da região e, se possível, mantenha o animal protegido do sol e evite fazer barulho ou qualquer movimento próximo para não o estressar.
Atualmente, diversos projetos em todo Brasil se dedicam à ações de pesquisa e proteção dessas simpáticas e ilustres moradoras do nosso mar, e ainda é preciso muito trabalho e esforço conjunto para que as jubartes encontrem um litoral em condições de recebê-las para reprodução e nascimento de seus filhotes.
Se você chegou até aqui, com certeza é uma pessoa preocupada com o meio ambiente, então saiba que existem diversas formas de contribuir para a continuidade dos estudos e das ações de proteção da baleia-jubarte. Pesquise por projetos de conservação da vida marinha aqui no Brasil que, com certeza, você vai encontrar várias maneiras de fazer parte dessa rede e ajudar a cuidar das baleias-jubarte.
*Emanuel Pereira Valentim é graduando em Ciência Biológicas. Arthur de Alencar Medeiros Cabral é Biólogo, ambos voluntários do Instituto Biota de Conservação. Waltyane Alves Gomes Bonfim é Bióloga, mestre em diversidade e conservação. Atua no Instituto Biota de Conservação desde 2009.
Fonte: Ecoa