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SUSTENTABILIDADE

Após pressão de ativistas, companhias de teatro doam roupas de pele para centros de reabilitação de animais

Duas companhias de teatro canadenses decidiram transformar antigas peças de figurino feitas com peles em ferramentas de cuidado e conforto para filhotes órfãos.

25 de outubro de 2025
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Jenny McQueen/Instagram

Em resposta a uma campanha de direitos animais, duas companhias de teatro decidiram doar casacos e acessórios de pele de seus acervos para centros de reabilitação de fauna, onde esses materiais ajudam a aquecer filhotes órfãos e em recuperação.

O Palace Theatre, em Ontário, no Canadá, havia inicialmente anunciado uma “venda relâmpago de peles”, com a intenção de “reduzir, reutilizar e reciclar” figurinos antigos. Mas a proposta, que poderia reacender o mercado e a normalização do uso de pele animal, foi duramente criticada pela ativista Jenny McQueen, cofundadora da organização Animal Rights Toronto.

McQueen expressou em suas redes sociais que vender ou revender roupas de pele, mesmo as consideradas “vintage”, perpetua a ideia de que o uso de peles é aceitável, um retrocesso em um momento em que a moda ética e a compaixão pelos animais ganham força em todo o mundo.

Em vez disso, McQueen sugeriu que o teatro doasse as peças para projetos de reabilitação de animais. A campanha #ZipOffTheCruelty (“Acabe com a crueldade”) recolhe casacos, chapéus e adornos de pele e os transforma em forração para abrigos de filhotes órfãos, como esquilos e raposas.

A estratégia sensibilizou o Palace Theatre, que acabou revertendo sua decisão. McQueen enviou um vídeo mostrando um chapéu de pele doado por seu grupo sendo usado como cama para filhotes de esquilo resgatados. “O chapéu, virado do avesso, servia como abrigo. Os pequenos se aconchegavam no pelo, que lembrava o toque da mãe e os mantinha aquecidos”, explicou a ativista.

O gesto inspirou também o Stratford Festival, outro renomado teatro canadense, que seguiu o mesmo caminho e doou vários casacos de pele de sua coleção de figurinos para a Animal Rights Toronto. “Muitos atores preferem não usar peles reais, e essas peças estavam apenas ocupando espaço”, afirmou a direção do festival em comunicado.

Nos centros de reabilitação, as peles doadas ganham novo significado. Em vez de símbolo de vaidade, tornam-se instrumentos de cuidado e empatia. “Os filhotes se aninham na pele como fariam com suas mães. É um conforto emocional e físico para eles”, explicou Sarah Bruce, da Procyon Wildlife, em Ontário.

Embora algumas instituições alertem para possíveis riscos de contaminação química em peles antigas, a iniciativa é vista por ativistas como uma poderosa forma de reconciliação, uma chance de devolver às vítimas da moda um pouco da vida que lhes foi tirada.

A doação das peles pelos teatros de Ontário é uma solução prática e o reconhecimento de que o verdadeiro valor de uma pele não está em enfeitar corpos humanos, mas em proteger aqueles a quem ela pertence por natureza.

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