Uma recente onda de mortes alarmantes aumentou a preocupação com o tigre-malaio, dizem autoridades da vida selvagem e biólogos, com alguns chamando a ameaça ao animal emblemático da Malásia de “emergência nacional”.

Nativa das selvas da península da Malásia, esta espécie de tigre está criticamente ameaçada de extinção, com menos de 150 indivíduos identificados na natureza devido à perda de habitat, caça e declínio de presas.

Encontrado no brasão de armas da Malásia e considerado um símbolo de patrimônio nacional, seus números despencaram desde os anos 1950, quando cerca de 3 mil vagavam pelo país do sudeste asiático, dizem os oficiais.

Contra esse pano de fundo já sombrio, fotos e vídeos de um tigre-malaio morto se tornaram virais nas redes sociais no final de junho. A carcaça, encontrada inchada e flutuando em um riacho no estado rural do norte de Kelantan, foi descoberta por guardas florestais.

Não havia sinais de ferimentos causados por armadilhas ou tiros, e os oficiais florestais estaduais estão realizando uma autópsia.

As imagens provocaram reações fortes na Malásia, que notaram a urgência de salvar seu símbolo nacional da extinção. “A situação dos tigres-malaios é uma crise nacional que requer a total atenção e comprometimento de todos os malaios,” disse Henry Chan, diretor de proteção do World Wildlife Fund Malaysia (WWF), em entrevista à CNN.

Ele acrescentou que são necessários esforços de proteção mais fortes, como melhorar as patrulhas nos habitats críticos dos tigres e utilizar tecnologias avançadas, como armadilhas fotográficas e drones para monitoramento e vigilância. “Esses magníficos animais continuam à beira da extinção,” disse Chan. “Perder apenas um tigre aproxima toda a espécie da extinção, tornando a vida de cada tigre individual extremamente crítica para a sobrevivência da espécie.”

“O tigre-malaio está à beira da extinção com menos de 150 restantes na natureza,” disse Mark Rayan Darmaraj, diretor nacional da Wildlife Conservation Society Malaysia, que notou que caçadores suspeitos foram presos em um caso separado no estado vizinho de Pahang no dia seguinte, portando o crânio e ossos de um tigre. “Eles sofrem com a perda de habitat, a diminuição de presas e mortes retaliatórias resultantes de conflitos entre humanos e tigres,” disse ele.

Darmaraj acrescentou que a construção de estradas através de seus habitats aumenta o risco de colisões fatais com veículos, como visto em vários incidentes recentes.

No dia 6 de julho, autoridades no estado ocidental de Perak foram alertadas sobre um tigre morto encontrado em um bueiro de tempestade próximo a uma rodovia principal. Estimado ter cerca de 4 anos, o macho adulto foi atropelado por um carro, disseram os oficiais.

Um mês antes, o corpo de outro tigre adulto foi encontrado próximo a uma rodovia no estado de Pahang. Oficiais acreditam que o tigre, estimado ter cerca de 5 anos, foi atropelado por um veículo enquanto tentava atravessar a estrada de uma reserva florestal próxima. Ele foi o quarto da espécie morto por colisão com veículos entre novembro de 2023 e maio de 2024, segundo autoridades.

Plano de proteção

O tigre-malaio foi reconhecido como uma subespécie em 2004. Como todos os tigres, eles são excelentes nadadores e poderosos predadores de topo.

Menores que os tigres de Sumatra da Indonésia e os tigres de Bengala encontrados em toda a Ásia do Sul, os tigres-malaios podem crescer até cerca de 2,5 metros de comprimento e pesar até 130 quilos, dizem os especialistas, e precisam de grandes áreas de floresta para vagar. Seus pelos ligeiramente mais escuros e laranja-avermelhados também os distinguem de outras espécies de tigres.

Em um Plano Nacional de Ação de Conservação do Tigre que pretende durar oito anos, lançado em colaboração com grupos sem fins lucrativos em 2020, autoridades malaias delinearam prioridades como ferramentas e um “Plano Físico Nacional” para auxiliar os esforços de proteção.

“Implementando um conjunto de ações coordenadas, apoiadas pelo compromisso político e pelo apoio público, nós, como nação e como parte da comunidade global de proteção, podemos garantir que um dos animais mais majestosos e carismáticos com os quais compartilhamos o planeta não desaparecerá,” dizia o relatório.