Após uma onça-parda aparecer na área de um hospital de Campinas (SP), ambientalistas se reuniram na terça-feira (23) para cobrar a instalação de passagens com segurança para animais silvestres por rodovias e áreas urbanas da metrópole. A estimativa é que 30 sejam atropelados todos os meses nas estradas da região.
Representantes da Emdec, responsável pelo trânsito em Campinas, participaram do encontro e prometeram reforçar a sinalização em alguns pontos, como a Estrada da Rhodia. “Na Av. Mackenzie nós colocamos placas alertando a travessia de animais e alguns banners. E na Estrada da Rhodia, vamos melhorar ainda mais a sinalização”, disse Vínicius Riverete, presidente da empresa.
A medida, no entanto, é considerada insuficiente pelos especialistas. “As placas não são suficientes, nem redutores de velocidade. O que importa para os animais é que eles consigam transpor essas vias atráves de túneis e pontes para que não sejam atropelados”, destaca o ambientalista Manoel Rosa Bueno.
A reivindicação por passagens seguras para os animais é antiga. Em maio, o grupo já havia entregue um abaixo-assinado com mais de 23 mil assinaturas cobrando por medidas eficientes.
Um dos pontos críticos está na Rodovia Zeferino Vaz (SP-332), que liga Campinas a Paulínia, e em um dos trechos corta ao meio a Mata de Santa Genebra, reduto de diversos animais silvestres.
O veterinário Roberto Stevenson conta que além de onças, jacarés, macacos, serpentes e outros pequenos mamíferos já foram resgatados no trecho após atropelamentos.
A Concessionária Rota das Bandeiras, responsável pela Zeferino Vaz, informou que tem previsão de começar em outubro a obra de construção da passagem de fauna no Km 117, na altura do distrito de Barão Geraldo. O projeto contempla passagens seca e úmida para fauna silvestre, assim como a implantação da estrutura para direcionamento dos animais.
Onça saiu da Mata Santa Genebrinha
A onça-parda que entrou na área do Hospital Madre Theodora, em Campinas (SP), pode ter saído da Mata Santa Genebrinha, fragmento ambiental às margens da Rodovia Zeferino Vaz (SP-332) na entrada do distrito de Barão Geraldo, um dos pontos considerados críticos pelos ambientalistas.
Segundo a Polícia Ambiental, onças são vistas com frequência na região onde o animal foi resgatado na tarde de segunda (22). A área tem um corredor verde de 1,5 quilômetro.
“A gente já teve casos de onças por aqui, mas não houve resgate porque estava em chácara e havia espaço para ela fugir”. explica o cabo da Polícia Ambiental Flaubert de Araújo.
A onça tem aproximadamente 45 kg e é uma fêmea em idade adulta. “Tivemos apoio de um profissional veterinário para poder sedar o animal e conseguir fazer o resgate. O veterinário analisou questões de peso, tamanho e idade para dar o anestésico, sem prejudicar o animal”, disse Araújo.
Soltura
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o animal foi visto por uma funcionária às 10h20 na rampa de acesso da área externa. Depois, foi para outra área externa do hospital, ao lado do pronto-socorro, e o local foi isolado.
A unidade informou que os atendimentos não foram suspensos durante o incidente, mas a entrada do pronto-socorro foi isolada para pedestres, ambulância e pacientes. A onça não circulou pelo ambiente interno.
A soltura foi feita por volta das 14h30 pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar Ambiental, com auxílio de um veterinário.
Quando foi encontrada pelos agentes, ela estava em uma valeta que faz divisa entre o hospital e uma residência, nos fundos da unidade de saúde.
Após a sedação, o animal foi retirado pelas equipes e levado para o distrito de Barão Geraldo. Ainda segundo o cabo da Polícia Ambiental, a área de soltura foi escolhida por ser na mesma região do local do resgate, possuir água e alimento para a onça e não oferecer risco aos moradores.
Origem da onça
Segundo a Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), que administra a Mata Santa Genebra, a onça-parda precisa de grandes territórios para circular.
O animal que invadiu o hospital pode ser um dos três filhotes que apareceram em uma filmagem das câmeras da mata, em 2021. Se a hipótese estiver correta, a onça teria migrado para o fragmento ambiental de Barão Geraldo.
Fonte: G1