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Após mortes em série, gatos deixam de passear em bairro de SP

5 de maio de 2009
3 min. de leitura
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Tom, Felipe e Isadora, de apenas três meses, andam cabisbaixos e com o olhar triste. Estavam em fase de amamentação quando perderam a mãe, Vivi, encontrada morta, há duas semanas, no quintal da casa onde vivem, no Campo Belo, zona sul, pela dona dos gatinhos, a artesã Martha Christina Campos de Araújo, 52.
Suspeita-se que Vivi seja mais uma vítima de um “serial killer” que atua nas imediações da rua Unapetinga. “Estou com medo”, afirma a artesã. “Você não tem noção do quanto é doído.”
Vivi foi o quinto animal que Martha perdeu naquela semana pós-Páscoa. Segundo a necropsia, a gata morreu em decorrência de um “colapso respiratório”, causado, possivelmente, pela presença no estômago de um “agente tóxico do grupo dos carbonatos”, popularmente conhecido como “chumbinho”.
A primeira vítima foi Bombom, achada morta dentro da piscina vazia. Martha enrolou a gatinha em uma toalha e chamou a polícia. No dia seguinte, os corpos de Tuty, Minie e Babi foram encontrados em uma casa da vizinhança. Vivi foi a última vítima.
Todos os animais tinham marcas de sangue e sinais de envenenamento. Outras duas gatas da artesã, Princesa e Bambina, estão desaparecidas. “Tenho certeza de que estão mortas”, lamenta Martha, que mora sozinha com seus dez bichanos -eram 17- em uma casa de três andares.
Os que restaram vivem confinados. Martha planeja colocar uma tela nos fundos de sua casa para que os animais não deem mais suas voltas pelas ruas do bairro. “Virou neurose. Agora, ninguém mais sai.”
O caso foi registrado no 27º DP, e um inquérito policial, instaurado. “Estamos fazendo investigações e, por meio de denúncias, vamos tentar descobrir quem é o autor dos crimes”, diz o delegado Ubiracyr Pires da Silva, 64.
Em um ano, foram 35 mortes por suspeita de envenenamento no bairro, famoso pela alta concentração de cães. Somente Martha perdeu 12 animais de estimação desde maio do ano passado, quando a siamesa Cindy foi encontrada pelo vigia. “Esticada, com baba e sangue pela boca”, descreve a artesã. “Ficou comigo exatos quatro meses e foi feliz.”
Uma situação semelhante viveu a família do defensor público Sérgio Wagner Locatelli, 45. Um de seus gatos, Barão, morreu em maio do ano passado, o que também o obrigou a colocar uma tela no quintal de casa para que os sete que ali vivem hoje não saiam mais. Caso o autor dos crimes seja descoberto, Sérgio vai ingressar com uma ação por danos morais porque seu filho, João Victor, 10, ficou muito abalado com a morte do animal. “Ele chorou durante três dias.”
A corretora de seguros Analice Steiner Fruet, 56, também teve uma gata morta, Rebeca, com suspeita de envenenamento. “Ela passou por uma epopeia, teve de ser operada quando a adotamos”, lembra Analice, que enterrou Rebeca no quintal da casa, onde hoje vivem oito gatos. “A gente acolhe, e eles acabam fazendo parte da família.”
A corretora optou por não prender os bichanos. Mas se vale de uma tática, como explica o marido, Flávio França Pinto, 59: “Sempre procuro deixá-los bem alimentados”. O objetivo é evitar que os animais comam na rua. “Mas é difícil segurar os gatos.”
Fonte: Folha Online

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