Um surto de gripe aviária, doença viral altamente contagiosa e fatal para aves, atingiu mercados de aves vivas em Nova York, expondo mais uma vez os perigos e a crueldade inerentes a esses estabelecimentos. Sete casos foram detectados em mercados localizados no Queens, Bronx e Brooklyn, levando a governadora Kathy Hochul a anunciar o fechamento temporário desses locais nos condados de Nova York, Westchester, Suffolk e Nassau. A medida, embora apresentada como uma ação de saúde pública, revela a negligência e o sofrimento a que os animais são submetidos nesses ambientes.
A ordem, em vigor entre 7 e 14 de fevereiro, proíbe a entrega de novas aves aos mercados e distribuidores, exigindo que os estoques existentes sejam vendidos em apenas três dias. Após a venda, os locais devem passar por um processo de limpeza e desinfecção, incluindo a remoção de resíduos orgânicos e a higienização de gaiolas, pisos e equipamentos. Os mercados permanecerão fechados por cinco dias e só poderão reabrir após inspeção do Departamento de Agricultura e Mercados (AGM). A governadora afirmou que a medida visa “manter os nova-iorquinos seguros”, mas ignora o sofrimento das aves, tratadas como meras mercadorias.
A gripe aviária, causada pelo vírus H5N1, é uma doença que se espalha rapidamente em ambientes onde as aves são confinadas em condições precárias, como nos mercados de aves vivas. Esses locais, além de serem focos de doenças, são cenários de extrema crueldade, onde os animais são mantidos em gaiolas superlotadas, sem acesso a cuidados básicos, e muitas vezes mortos de forma brutal na frente de outros animais e clientes. A detecção do vírus em mercados de Nova York é um alerta para os riscos que essas práticas representam tanto para a saúde humana quanto para o bem-estar animal.
Além dos mercados, a gripe aviária também afetou animais em zoológicos. A Wildlife Conservation Society (WCS) informou que três patos morreram no Zoológico do Queens, e pelo menos 12 pássaros do Zoológico do Bronx estão sendo testados para o vírus após mortes suspeitas. Como medida preventiva, a WCS transferiu espécies vulneráveis para áreas protegidas e limitou a exposição de outros animais a aves selvagens, especialmente aquáticas, conhecidas por serem transmissores da doença. A entidade destacou que está colaborando com agências municipais, estaduais e federais para monitorar a situação.
Enquanto autoridades e organizações focam na contenção do vírus e na proteção da saúde humana, a perspectiva dos direitos animais exige uma reflexão mais profunda sobre as práticas que perpetuam o sofrimento e a exploração das aves. A gripe aviária é um exemplo claro de como a criação e o comércio de animais para consumo não só causam dor e morte a bilhões de seres sencientes, mas também colocam em risco a saúde pública e o meio ambiente.
A solução definitiva para crises como essa passa pela adoção de um sistema alimentar que respeite os direitos animais e priorize alternativas éticas e sustentáveis. O fechamento temporário dos mercados de aves vivas em Nova York é um passo, mas não suficiente. É urgente repensar nossa relação com os animais e avançar em direção a uma sociedade que não os explore como recursos, mas os reconheça como seres dignos de compaixão e proteção.