Maus-tratos contra cavalos durante a Cavalgada, realizada no domingo (27), em Rio Branco, pode resultar no fim do uso de animais durante as próximas edições do evento. A promotora Especializada de Meio Ambiente, Meri Cristina, informou que está aguardando o relatório oficial da Polícia Militar para começar a identificação dos envolvidos e não descarta a proibição de animais. Cavalos machucados, caídos e uso de esporas, que é ilegal, foram algumas das imagens registradas durante a festa.
“Nossa intenção é identificar quem são os responsáveis pelas cenas que foram expostas nas redes sociais e que causaram um furor nas pessoas que têm um pouco de sensibilidade com os animais. O comandante e a companhia da Polícia Militar foram orientados a acompanharem todo o percurso e identificar os responsáveis desses atos. Acredito que a partir de hoje [segunda-feira, 28] devo receber o relatório e analisar o que aconteceu”, diz Meri Cristina.
A promotora também ressaltou a participação da associação de proteção aos animais ‘Patinha Carente’ que ajudou na fiscalização durante a Cavalgada. Ela acredita que através das fotografias tiradas pelo grupo, a identificação dos responsáveis seja mais rápida.
Sobre as diversas imagens que tomaram repercussão nas redes sociais, a promotora destaca a de um cavalo que está caído no chão e sendo puxado por dois homens. “Os envolvidos serão processados criminalmente, porque existem provas de animais sangrando, caídos e com dois homens tentando puxar à força, o que significa que o animal não estava em condições de seguir ou que o esforço que aquele animal foi submetido foi bem maior do que ele poderia aguentar, pois um cavalo não cai daquela forma”, destaca.
Diante das provas e do relatório oficial da PM, que deve chega à promotoria ainda nesta segunda-feira (28), Meri levanta a possibilidade de proibição do uso de animais na próxima Cavalgada, o que acarretaria na mudança do nome do tradicional evento que faz parte da maior feira agropecuária do estado.
“Não é a primeira vez que isso acontece e que a promotoria alerta aos organizadores que esse tipo de atitude deve restringir a amplitude da festa.
Até agora ninguém tomou nenhuma providência no sentido de minimizar, então o inevitável provavelmente vai acontecer, que é a inibição de animais. A festa vai ter que se chamar outra coisa, porque cavalo na outra edição provavelmente não vai ter mais. Maus-tratos contra animais é crime e as pessoas têm que assimilar isso”, enfatiza.
Além das cenas de violência contra os animais, a promotora também destacou os tumultos entre comitivas e outras ocorrências durante o evento. “Tudo pode acarretar em uma medida mais drástica que é a suspensão dessa etapa da festa que causa transtornos e põe a população em risco. Isso não sou eu que estou dizendo, os fatos estão aí para comprovar. Foi uma confusão generalizada na rua, pessoas se ferindo e brigando, isso fora a parte dos animais”.
A secretária de Turismo, Rachael Moreira, que dá apoio ao evento, disse que haverá uma reunião para discutir os casos de maus-tratos contra os animais. “O governo não compactua com esses maus-tratos e o tutor que infringir a lei, deve ser punido. Existe uma lei de proteção aos animais que deve ser cumprida. Como em todos os grandes eventos, vamos nos reunir e fazer um balanço da festa e esse será um tema que vamos analisar com certeza”, garante.
A Secretaria de Turismo e Lazer (Setul) informou que não recebeu documento alertando sobre a fiscalização de violência contra os animais. A promotoria disse que oficiou, 20 dias antes da Cavalgada, documento para o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semea), Polícia Militar e Instituto de Defesa Agropecuaria e Florestal do Acre (Idaf), alertando para a fiscalização de possíveis maus-tratos durante o evento.
Fonte: G1