Reportagem do G1 visitou a região e mostra que a cheia reaqueceu setores da economia que dependem de atividades como transporte fluvial e turismo. Por exemplo, na orla da Ponta Negra, principal balneário da capital amazonense, o rio voltou a ser ponto de encontro e de diversão para turistas e moradores.
O mesmo aconteceu no Lago do Puraquequara, na Zona Leste de Manaus. Na Marina do Davi, por sua vez, a terra batida deu lugar a água.
Outros rios do Amazonas que secaram no ano passado também seguem apresentando níveis dentro da normalidade para o período, conforme apontado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Mas ainda assim a situação no estado não está totalmente normalizada, e seus 62 municípios seguem sob decretos de situação de emergência. Pelos dados do último boletim divulgado pela Defesa Civil, 637 mil pessoas foram afetadas até o momento pela estiagem.
“Nossos rios já estão em recuperação, isso já permite que comunidades saiam do isolamento. Porém, os fortes impactos causados pela estiagem ainda persistem, por essa razão os 62 municípios estão com seus decretos vigentes, mas muito em breve toda a normalidade social será reestabelecida”, informou Francisco Máximo, secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas, ao G1.
Jussara Cury, pesquisadora de geociências do SGB, relatou que, após a vazante severa de 2023, os rios precisam de tempo para se recuperar. Outro ponto que destacou é que eles ainda estão sendo impactados pela pouca quantidade de chuvas durante o El Niño, fenômeno climático natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico.
“O fenômeno afeta no acumulado de chuvas, que está abaixo do normal para o período. No momento. Tabatinga, no Alto Solimões, está apresentando oscilações e até descidas. O mesmo ocorre na parte norte da bacia, como Alto Rio Negro e rio Branco, em Roraima, que estão em recessão e no caso de Boa Vista [capital de Roraima] com níveis baixos para o período”, disse ao G1.
O Rio Negro, com um percurso 2.500 km de extensão, é o terceiro maior da Amazônia em tamanho. O local se destaca pela fauna e flora diversas, além de exerce um importante papel para a navegação no estado.
No ano passado, a seca extrema atingiu o afluente, fazendo-o parar de subir a partir de junho. Foram quase 50 dias de vazante (período de baixa nas águas) e, em outubro, alcançou a marca mais baixa já registrada. A partir daí, o rio voltou a subir gradativamente.
Além do Rio Negro, o Lago Tefé, que em 2023 foi palco da morte de 200 botos, está voltando a normalidade. “É um momento bem diferente daquele que vivemos de setembro a novembro de 2023”, afirmou a pesquisadora Miriam Marmontel, do Instituto Mamirauá. “As águas subiram bastante, enchendo até bem mais rápido do que o esperado”, completou.
Fonte: Um Só Planeta