Um censo aéreo recém realizado pelo Projeto Baleia-Jubarte confirmou que as baleias-jubarte estão se aproximando da recuperação plena no país. Após terem sido quase extintas pela caça indiscriminada ao longo de mais de 300 anos, o levantamento mapeou a existência de cerca de 25 mil animais da espécie no Brasil.
Considerado por pesquisadores o maior censo já feito em todo o mundo, o projeto analisou uma distância de 6.204 Km, entre a divisa do Ceará e Rio Grande do Norte até o litoral norte de São Paulo. Realizado em agosto, devido ao pico de reprodução de baleias, o estudo abrangeu desde a linha de costa até uma profundidade aproximada de 500 metros, visto que as jubartes preferem ficar sobre a plataforma continental quando chegam ao país para se reproduzir.
De acordo com a bióloga Márcia Engel, coordenadora do censo aéreo, o mapeamento da espécie é feito há 21 anos. Quando o Projeto Baleia Jubarte começou foram encontrados apenas pouco mais de 500 animais. O último resultado, segundo a pesquisadora, deve ser comemorado, pois chega próximo ao número estimado de jubartes que existiam no século XVII, quando deu-se início à caça ilegal.
“O estudo mostra que as baleias estão voltando a habitar lugares onde elas não existiam mais, como o Rio Grande do Norte. Essa conquista se deve ao grande esforço do Brasil em proibir a caça da espécie e apoiar projetos como o Baleia Jubarte, que ajuda a desenvolver mecanismos de preservação animal. Um deles é a projeção de rotas para embarcações, que são orientadas a seguir caminho por áreas com menor densidade de baleias”, explica a bióloga.
O censo aéreo também permite identificar e avaliar as áreas onde atividades humanas possuem mais potencial de interagir com a presença das baleias. O diretor geral do Projeto Baleia-Jubarte, Eduardo Camargo, afirma que o mapeamento assegura que as jubartes brasileiras sejam protegidas adequadamente de novos impactos.
“O estudo permite analisar como a espécie vai se proteger do emalhamento em redes e colisões com grandes embarcações, e contribui com nosso conhecimento para formular as políticas públicas adequadas para a proteção da espécie e seu ambiente”, ressalta Camargo.
Camargo, que acaba de retornar da reunião plenária da Comissão Internacional da Baleia, pontua ainda que o Brasil está bem posicionado no cenário global como liderança na pesquisa e conservação dos grandes cetáceos.
Fonte: O Globo