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NEGLIGÊNCIA

Apenas 7% das áreas de risco de colisão de baleias com navios têm medidas protetivas em vigor

22 de novembro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Um estudo global liderado pela Universidade de Washington (UW) com pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS) evidenciou um problema crítico para a sobrevivência de grandes baleias: colisões com navios em zonas de navegação. Publicado esta semana na revista Science, ele revelou que o tráfego marítimo global se sobrepõe a cerca de 92% das áreas de distribuição das baleias-azuis, jubarte, cachalotes e baleias-comuns.

“Este é o primeiro estudo a analisar este problema em escala global, permitindo que padrões globais de risco de colisão sejam identificados usando um conjunto de dados contemporâneos extremamente grande de quatro espécies de baleias em recuperação”, disse Jennifer Jackson, ecologista de baleias da BAS e coautora da pesquisa, em comunicado.

Anna Nisi, pesquisadora de pós-doutorado da UW no Center for Ecosystem Sentinels, acrescentou que colisões entre baleias e navios geralmente só são estudadas em nível local ou regional, como nas costas leste e oeste dos Estados Unidos continentais, e os padrões de risco permanecem desconhecidos para grandes áreas.

“Nosso estudo é uma tentativa de preencher essas lacunas de conhecimento e entender o risco de colisões entre navios em nível global. É importante entender onde essas colisões provavelmente ocorrerão porque há algumas intervenções realmente simples que podem reduzir substancialmente o risco de colisão”, salientou.

Uma das descobertas feita pela equipe envolvida é que apenas cerca de 7% das áreas com maior risco de colisões têm medidas em vigor – por exemplo, reduções de velocidade, tanto obrigatórias quanto voluntárias – para proteger os animais.

Mas a boa notícia é que implementar estratégias de gestão em apenas 2,6% adicionais da superfície do oceano protegeria todos os pontos críticos de colisão.

Medidas de proteção

Neste trabalho, os pesquisadores analisaram as águas onde as baleias-azuis, jubarte, cachalotes e baleias-comuns vivem, se alimentam e migram reunindo dados de fontes distintas, incluindo pesquisas governamentais, avistamentos por membros do público, estudos de marcação e até registros de caça às baleias.

A equipe coletou cerca de 435 mil avistamentos únicos de baleias e combinou seus dados com informações sobre os cursos de 176 mil navios de carga de 2017 a 2022, rastreados pelo sistema de identificação automática de cada navio e processados usando um algoritmo do Global Fishing Watch.

Os resultados mostraram regiões já conhecidas por serem áreas de alto risco para colisões com navios (costa do Pacífico da América do Norte, Panamá, Mar Arábico, Sri Lanka, Ilhas Canárias e Mar Mediterrâneo) e ainda identificaram mais algunss pontos preocupantes (sul da África; América do Sul ao longo das costas do Brasil, Chile, Peru e Equador; os Açores; e no Leste Asiático, nas costas da China, Japão e Coreia do Sul).

Outra descoberta foi que medidas obrigatórias para reduzir colisões de navios com baleias eram muito raras, sobrepondo apenas 0,54% dos hotspots de baleias azuis e 0,27% dos hotspots de baleias jubarte, e não sobrepondo nenhum hotspot de baleias-comuns ou cachalotes.

Embora muitos hotspots de colisão caíssem em áreas marinhas protegidas, essas reservas geralmente não têm limites de velocidade para embarcações, pois foram amplamente estabelecidas para conter a pesca e a poluição industrial.

Para todas as quatro espécies incluídas na análise, a grande maioria dos hotspots de colisões de navios com baleias — mais de 95% — abraçavam as costas, caindo dentro da zona econômica exclusiva de uma nação.

“Do ponto de vista da conservação, o fato de que a maioria das áreas de alto risco estão dentro de zonas econômicas exclusivas é realmente encorajador”, afirmou Nisi. “Isso significa que os países individuais têm a capacidade de proteger as áreas mais arriscadas.”

Dentre as medidas para diminuir o número de colisões entre baleias e navios estão redução de velocidade, mudar as rotas para longe de onde os animais estão localizados e criar sistemas de alerta para notificar autoridades e marinheiros quando eles estiverem por perto.

Os autores esperam que seu estudo possa estimular pesquisas locais ou regionais para mapear as zonas de maior risco com mais detalhes, informar esforços de advocacy e considerar o impacto das mudanças climáticas, que mudarão as distribuições de baleias e navios à medida que o gelo marinho derrete e os ecossistemas mudam.

Fonte: Um Só Planeta

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