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AÇÃO HUMANA

Antas estão cada vez mais próximas da extinção

Medidas “urgentes” são necessárias para conservar a espécie, diz estudo

6 de fevereiro de 2022
Harry Cockburn | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

As antas da Mata Atlântica, na América do Sul, estão em risco de “desaparecerem por completo”, independentemente do fato da espécie estar listada apenas como “vulnerável”, a nova pesquisa informou.

O animal herbívoro é amplamente conhecido por seu focinho móvel e flexível, sua pelagem listrada e por ser bem adaptado a ambientes aquáticos – onde nada e mergulha com facilidade – e a terrestres – onde corre com enorme rapidez. No entanto, as suas populações estão ficando isoladas devido à atividade humana.

Hoje, a espécie está distribuída em apenas 1.8% da extensão de terras na qual viviam originalmente. Esse território localiza-se na Mata Atlântica, que se estende ao longo de toda costa leste do Brasil, Argentina e Paraguai.

As principais ameaças à sua sobrevivência são a caça e a expansão do sistema rodoviário, que divide as populações em grupos menores. Cientistas brasileiros alertaram para a necessidade de tomar “medidas urgentes”, com o intuito de reconectar as populações remanescentes da espécie.

“Das 48 populações de antas identificadas durante o estudo, entre 31,3% e 68,8% estão inviabilizadas demograficamente (devido a um número muito reduzido de indivíduos), e entre 70,8% e 93.8% das populações são geneticamente inviáveis,” afirmou Kevin Flesher, um pesquisador do Centro de Estudos da Biodiversidade, localizado na Reserva Ecológica Michelin, na Bahia.

Ele acrescentou: “Somente 3-14 populações ainda permanecem viáveis no longo prazo, mas as evidências sugerem que, se tomadas as devidas ações, a anta pode retomar uma ampla distribuição por toda a Mata Atlântica.”

Patrícia Medici, da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), disse que o longo ciclo reprodutivo do animal foi um fator exacerbado pelo impacto da atividade humana. Ela disse: “Antas possuem um baixo potencial reprodutivo, o que inclui um longo período de gestação, com duração de 13 a 14 meses, e intervalos de até 3 anos entre nascimentos de filhotes. Nossas simulações mostraram, claramente, que no caso de pequenas populações, a perda de um único indivíduo por ano pode resultar na rápida extinção de uma população local inteira.”

A pesquisa baseou-se nos 15 anos que o Dr. Flesher passou visitando 93 reservas naturais, na Mata Atlântica, conversando com pessoas e analisando 217 conjuntos de dados.

Os estados de São Paulo e do Paraná possuem o maior número de populações remanescentes: 14 e 10, respectivamente. As duas maiores populações encontram-se em Misiones, na Argentina, e nas reservas de Iguaçu e Turvo, no Paraná e no Rio Grande do Sul.

“Até o que sabemos, não há evidências de migrações de antas entre as diferentes populações,” disse Dra. Médici.

Porém, os pesquisadores disseram que a distância entre os fragmentos de populações não é o maior obstáculo. “O problema central são as diversas ameaças que os animais encontram, enquanto estão fazendo as travessias,” disse Dr. Flesher.

Rodovias são a principal ameaça. De acordo com Patrícia Médici, o tráfego intenso na rodovia BR-101, que corta a Mata Atlântica de norte a sul, é uma armadilha mortal para a vida selvagem. As antas morrem, frequentemente, tentando atravessá-la.”

Ela acrescentou: “Atropelamentos são a principal causa da morte de indivíduos, em 6 das 8 reservas naturais, e a expansão do sistema rodoviário ameaça fragmentar pelo menos 4 outras populações de antas no país.”

Flesher concluiu que encontrar maneiras para assegurar o cruzamento seguro de antas, nas rodovias, é “uma prioridade urgente na conservação da espécie”.

Apesar do grave cenário, os pesquisadores mantêm um “otimismo cauteloso” quanto ao futuro desses animais, pois existem sinais de que a situação está começando a melhorar.

“Mesmo com estes desafios contínuos para conservação da espécie, a maioria das populações aparenta estarem estáveis e aumentando em número de indivíduos, o que representa um cenário melhor do que o que tínhamos décadas atrás, quando os primeiros esforços foram realizados para proteger esses animais,” disse Dr. Flesher.

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