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Annie Besant: “Precisamos agir como guardiões e ajudantes dos animais, não como seus tiranos e opressores”

27 de julho de 2017
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Besant: “Não temos nenhum direito de causar-lhes terror e sofrimento apenas para agradar ao nosso paladar, para acrescentar luxo às nossas vidas” (Foto: Reprodução)

A escritora, reformadora social e teosofista britânica Annie Besant se tornou famosa no século 20 por lutar pelos direitos das mulheres. No entanto, o que muita gente não sabe é que ela também foi uma importante defensora dos direitos animais. Vegetariana, Annie discursou para uma multidão no centro de Manchester, na Inglaterra, no dia 18 de outubro de 1897.

Naquele dia, ela afirmou que o ser humano só começa a se questionar sobre sua relação com os animais a partir do momento que ele se vê como parte de uma unidade que envolve todas as criaturas vivas. Ou seja, quando se afasta de uma concepção antropocêntrica. “Como podemos viver proporcionando menos prejuízo para as vidas que nos rodeiam? Como podemos evitar que nossas vidas gerem menos sofrimento no mundo em que vivemos?” perguntou aos espectadores.

Em seguida, começou a listar uma série de características que são partilhadas tanto pelos seres humanos quanto pelos animais. Os dois são capazes de sentir prazer e dor, de serem movidos pelo amor e pelo ódio. “Os animais também sentem terror e atração. Reconhecemos neles o poder de ter sensações muito próximas das nossas, e enquanto os transcendemos imensamente em intelecto, nossa natureza e a dos animais seguem interligadas. Sabemos quando eles estão aterrorizados, e que esse terror significa sofrimento”, disse.

Não apenas as feridas provocadas em um animal por mãos humanas são capazes de gerar dor, mas também as ameaças. Annie cita o fato de que muitos animais se encolhem de medo quando identifica a ausência de relações amistosas. “Todas as mentes pensantes e compassivas devem reconhecer que por sermos privilegiados precisamos agir como guardiões e ajudantes dos animais, não como seus tiranos e opressores. Não temos nenhum direito de causar-lhes terror e sofrimento apenas para agradar ao nosso paladar, para acrescentar luxo às nossas vidas”, declarou.

Annie Besant também discursou que à época as mulheres eram consideradas exemplos de refinamento, mansidão, compaixão, ternura e pureza. “Mas ninguém pode ter comido a carne de um animal abatido sem ter usado a mão de um homem como executor. Suponhamos que tivéssemos que matar por nós mesmas as criaturas cujos corpos estariam em nossas mesas. Há uma mulher em cem que iria ao matadouro para matar o novilho, o bezerro, a ovelha e o porco? Mas se não pudéssemos fazê-lo, nem o veríamos feito”, criticou.

Para Annie Besant, levando em conta que à época o açougueiro era também quem executava os animais, o suposto refinamento do ser humano é tão hipócrita e paradoxal que muitos evitam o contato com o açougueiro que fornece o suposto alimento, para evitarem associações entre morte e comida.

“Se achamos que eles são toscos pela repulsa que seus corpos despertam por estarem manchados de sangue; se reconhecemos a grosseria física que resulta de tal contato, como ousamos nos chamar de refinados, se compramos o nosso refinamento por meio da brutalização de outros, e exigimos que sejam brutais para que possamos comer os resultados dessa brutalidade? Não estamos livres dos resultados brutalizantes desse comércio só porque não participamos diretamente dele”, discorreu a defensora dos direitos animais em Manchester no dia 18 de outubro de 1897.

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