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CENA RARA

Animal marinho bioluminescente é flagrado "dançando" no mar do Chile

17 de fevereiro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Insituto Ocean Schmidt

A uma profundidade de centenas de metros no mar próximo à costa do Chile, pesquisadores do Instituto Oceanográfico Schmidt fizeram um registro inusitado: eles filmaram uma minhoca marinha bioluminescente “dançando”.

A filmagem foi divulgada pelo instituto no Instagram em 1º de fevereiro. “Parece tão fácil para algumas criaturas das profundezas do mar seguir o conselho de Mark Twain de dançar como se ninguém estivesse assistindo”, afirma a publicação, referindo-se ao escritor e humorista norte-americano conhecido pela obra As aventuras de Tom Sawyer (1876).

Segundo o post, o verme “dançante” da espécie Tomopteris passa toda a sua vida na zona crepuscular do oceano, que também é chamada de zona mesopelágica, e fica a partir de 200 a 1000 metros abaixo da superfície.

A minhoca marinha vive em constante movimento, nunca tocando o fundo do mar ou vendo a luz solar. O dançar “hipnótico” do verme foi avistado durante operações de mergulho com um veículo de operação remota da expedição SESeamounts.

Conforme o Instituto Oceanográfico Schmidt, a equipe da expedição, a bordo do navio de pesquisa Falkor, também está trabalhando para descrever montes submarinos pouco estudados que são pontos de biodiversidade ao largo da costa do Chile. “Seu trabalho provavelmente apoiará proteções críticas para áreas importantes do nosso oceano global”, afirma o instituto.

Saiba mais sobre o “verme brilhoso”

Segundo conta ao site Live Science por e-mail, Steve Haddock, cientista sênior e biólogo marinho do Instituto de Pesquisa da Baía de Monterey Aquarium (MBARI), que pesquisa os vermesTomopteris, mas não esteve envolvido com a expedição, essas criaturas passam a vida inteira nadando pela água com “fileiras de remos”, de modo semelhante a como uma minhoca da terra usa seus segmentos para “nadar” pelo solo”.

Após avistarem a minhoca marinha “dançarina” a cerca de 554 metros, os pesquisadores a viram uma segunda vez a cerca de 678 metros abaixo da superfície. Os cientistas ficaram intrigados com a tonalidade do muco liberado pelo ser vivo: este era dourado-amarelado, enquanto a maioria dos organismos bioluminescentes marinhos emite uma luz azul-verde.

Os “remos” que as minhocas Tomopteris usam para nadar são chamados de parapódios. Essas estruturas liberam uma névoa de muco bioluminescente. Os pesquisadores acreditam que essa névoa age como uma cortina de fumaça para ajudar as criaturas a escapar de predadores.

Anteriormente, Haddock e uma equipe de pesquisadores do MBARI descobriram que o aloe-modin — um composto químico encontrado normalmente no gel, seiva e folhas das plantas — é responsável por criar essa luz.

No entanto, os pesquisadores ainda não sabem exatamente por que ou como isso acontece. Não se sabe se a minhoca é capaz de criar o composto por conta própria. Por isso, uma teoria sugere que o ser vivo pode adquirir a substância por meio de sua dieta — que inclui larvas de peixes e minhocas marinhas planctônicas chamadas quetognatos.

“O motivo da cor amarela permanece um dos mistérios da vida no oceano”, ressalta Haddock.

Fonte: Revista Galileu

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