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Animais também enfrentam epidemia de obesidade, diz estudo

25 de novembro de 2010
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução/Galileu

Os níveis de obesidade aumentaram dramaticamente entre os animais que vivem próximos de seres humanos, sugerindo que fatores ambientais podem estar encorajando todos a ganhar peso, afirma estudo publicado no periódico científico “Proceedings of the Royal Society”.

“Estes resultados mostram que a epidemia de obesidade não é tão simples como muitos pensam” , diz Jennifer Kuk, bióloga da Universidade de York, no Canadá, que não está envolvida na pesquisa.

Não é segredo que a obesidade tornou-se uma epidemia entre os seres humanos. Dos adultos americanos, quase um em cada três é obeso, com um índice de massa corporal acima de 30. Os pesquisadores responsabilizam por isso desde a falta de atividade física até a comida industrializada que consumimos.

Mas e se algo no ambiente também pode estar causando isso, mesmo que parcialmente? Para investigar a questão, David Allison, geneticista estatístico da Universidade do Alabama, e seus colegas compilaram dados sobre o peso de mais de 20 mil animais adultos de 24 populações de oito diferentes espécies na América do Norte. Os pesquisadores incluíram na lista apenas mamíferos cujos pesos foram medidos ao menos duas vezes nos últimos 50 anos e que não tenha sido manipulado em razão de outros estudos e projetos de criação.

Todas as 24 populações de animais, de primatas  cruelmente confinados e usados em centros de pesquisa a ratos selvagens na periferia de Baltimore, tiveram significativos acréscimos em seu peso corporal. Em média, o peso dos chimpanzés aumentou 33% a cada década, o de marmotas criadas em cativeiro subiu 9% a cada 10 anos, os camundongos de laboratório ficaram 12% mais pesados por década e os ratos nas mesmas instituições, 3%. Já a massa corporal dos ratos selvagens de Baltimore subiu 7% por década. E os animais de estimação também não foram exceção: o peso médio dos gatos aumentou quase 10% a cada década e o dos cachorros, 3%.

E não só o peso dos animais aumentou, como também as chances deles ficarem obesos: 23 das 24 populações estudadas tinham mais animais obesos. Além disso, o aumento da massa corporal e da obesidade foi verificado mesmo entre os animais cuja dieta e os níveis atividade física permaneceram estáveis no período estudado. Se mudanças na alimentação e no gasto de energia não foram responsáveis pela alta na obesidade, talvez a razão venha de fatores ambientais, diz Allison.

Deve haver outra explicação além das usuais inércia e má alimentação. “Se estamos vendo essa tendência em outros mamíferos, isso mostra que tem que haver outra explicação além das usuais inércia e má alimentação”, complementa Kuk.

É claro que alguns dos animais, como os explorados e torturados em pesquisas, podem estar comendo mais e se exercitando menos como nós, admite Allison, mas ele argumenta que os cientistas têm registros exatos da alimentação deles e as condições em que são mantidos não mudaram muito nos últimos 50 anos. Toxinas no meio ambiente e vírus estão no topo da lista de suspeitos do pesquisador. Estudos já demonstraram que substâncias alteradoras da função endócrina como o bisfenol A (BPA) e compostos contendo estanho podem aumentar a massa corporal assim como alguns vírus do tipo que causa a gripe (adenovírus).

“Temos que abrir nossas mentes para pensar em outras explicações”, defende Allison, enfatizando que a dieta e os exercícios ainda são fatores determinantes no ganho de peso de pessoas e animais, mas que “agora temos evidências de que coisas fora deste reino podem mudar as distribuições de peso de toda uma população”.

Com informações de O Globo

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