EnglishEspañolPortuguês

VIOLÊNCIA

Animais silvestres, vítimas da ação humana, lotam espaço de abrigo

Chegada diária salta de 2 para 40 animais na Divisão de Fauna de São Paulo, onde mamíferos, répteis e aves, alvo de tráfico, acidentes e maus-tratos, passam por tratamento clínico e reabilitação para retornar à natureza

23 de novembro de 2024
Roberto de Oliveira
7 min. de leitura
A-
A+
Foto: CeMaCAS

Três tiros foram disparados contra a cabeça e um outro em direção à coluna. Mesmo com sequelas irreversíveis, a vítima conseguiu sobreviver. Está com quatro projéteis alojados no corpo. Num acidente em choque com a sacada de vidro espelhado, outro paciente foi submetido a um implante. Recupera-se, apesar de ter perdido a autonomia. A poucos passos dali, ouve-se o que parece um grito misturado ao choro. Agonizando, o enfermo recebe medicação para aplacar a dor, oriunda de um abscesso em membro torácico.

O primeiro relato é de uma fêmea gambá adulta, que ficou cega do olho esquerdo. Nos próximos meses, ela irá passar por teste de adaptação com monitoramento de câmeras, mas dificilmente conseguirá sobreviver sozinha na natureza. O segundo caso é de um urutau, ave conhecida como mãe-da-lua, que está tendo que reaprender a se alimentar e a voar. Já a última história refere-se à vida de um bugio, provavelmente ferido numa briga com outros integrantes do bando por disputa de território.

O que une todos esses animais silvestres é o fato de eles serem vítimas da violência direta ou indireta da ação humana.

“Durante a primavera, passamos de dois casos por dia, em média, para 40”, calcula a veterinária Vanessa Caldeira Olivares, 37, coordenadora das áreas clínica e cirúrgica da Divisão de Fauna Silvestre da Prefeitura de São Paulo.

    Você viu?

    Ir para o topo