As histórias do cachorro Tobi e do gato Rexie Roo vão além do sofrimento antes do resgate e da felicidade após a adoção. Sem as patas dianteiras, ambos se tornaram também um símbolo do respeito às diferenças e do incentivo ao amor. Adotados por duas famílias nos Estados Unidos, os animais vivem felizes ao lado de seus tutores e inspiram pessoas a dar uma chance à adoção de animais com deficiência.
Adotado pela norte-americana Cairistiona Flatley, Rexie vive em uma casa em Utah, nos Estados Unidos, e encanta internautas em uma página criada nas redes sociais para incentivar o ato de adotar animais com deficiência. Tobi, por sua vez, também causa grandes transformações na vida de muitas pessoas. Tutelado por Paige Bradford, uma professora de educação especial, ele a acompanha nas aulas com as crianças, ensinando-as sobre a importância de respeitar as diferenças e não ter preconceito com deficiências alheias.
A professora relatou ao canal ABC 7 que seus alunos não consideram o cachorro um ser diferente dos outros por não ter as patas dianteiras, e também não nutrem sentimentos de pena por ele. Segundo ela, as crianças consideram Tobi apenas “um cachorro muito fofo”, o que reflete os ensinamentos profundos realizados pela professora através de um trabalho pedagógico que tem como objetivo integrar as diferenças de uma forma natural na rotina dos alunos.
O resultado desse trabalho pôde ser visto nas aulas presenciais realizadas antes da pandemia, nas quais momentos especiais foram vividos entre Tobi e as crianças. “Um dos meus alunos tem hemiparesia, o que limita seus movimentos do lado direito. Então, eu lhe dei uma guloseima para entregar ao Tobi. Ele teve que usar as duas mãos para abrir a sacola e depois usar a mão direita para entregar o petisco. Foi divertido para os dois”, contou Paige.
Atualmente, embora Tobi não possa estar perto dos alunos por conta do distanciamento social, ele segue inspirando-os por meio das aulas à distância. “Uma das melhores coisas que descobrimos é a aceitação. No início, eles fizeram muitas perguntas e queriam entender por que ele não tinha pernas e por que era diferente”, comentou a professora, que pontuou ainda que as conversas com as crianças a ajudam a ter a mente mais aberta, o que aumentou o nível de aceitação da turma também em relação aos colegas humanos que possuem alguma deficiência.
“O animal mais doce que já conheci”
Assim como Tobi, o gatinho Rexie não tem as duas patas dianteiras, mas isso não o impede de ser feliz e até mesmo de se locomover pela casa onde vive com a norte-americana Cairistiona Flatley. Resgatado pela entidade Best Friends Animal Society, o gato foi encontrado em um abrigo rural e levado para a sede da instituição em Salt Lake City antes de ser adotado.
Examinado por profissionais da entidade, Rexie foi diagnosticado com graves lesões nas patas dianteiras, com múltiplas fraturas e uma infecção que poderia matá-lo. Na tentativa de mantê-lo vivo, os veterinários optaram por amputar as patas do animal, que rapidamente se adaptou à nova vida, impressionando os voluntários e profissionais da ONG.
No entanto, se por um lado Rexie já conseguia viver bem mesmo sem as patas, por outro ainda faltava uma família especial para adotá-lo. Isso, porém, logo se resolveu. À procura de um animal para adotar, Cairistiona Flatley soube da história do gatinho e se encantou por ele. Não havia dúvidas: a norte-americana fazia questão de adotá-lo e foi exatamente o que fez.
Em seu novo lar, Rexie se adaptou rapidamente. Segundo a tutora, ele anda pelo apartamento com uma facilidade quase igual a de um gato com quatro patas e demonstra ter muita vontade de viver. Desde que o adotou, Cairistiona usa a história do animal para incentivar as pessoas a adotar cães e gatos com deficiência.
“Todo mundo tem seus próprios problemas”, disse. “Para mim, ele é muito especial. Ele já passou por tanta coisa, mas continua sendo o animal mais doce que já conheci”, completou.
No entanto, enquanto alguns animais com deficiência não precisam de cuidados muito diferentes do que um animal sem deficiência, há casos em que o tutor precisa ter um comprometimento e uma responsabilidade maiores para dar qualidade de vida do animal. É o caso de Tobi. Ciente disso, Paige se preparou por alguns meses para adotá-lo. Em julho de 2018, ele chegou à nova casa.
Antes de ser adotado, Tobi teve sua história relatada nas redes sociais pela entidade que o resgatou. Na época, ele vivia no Texas, a quilômetros de distância de seu futuro lar. Além de não ter as patas dianteiras, o cachorro nasceu sem duas costelas e sofre de uma doença degenerativa que é resultado da forma como ele se movimenta, apoiado apenas sobre as patas traseiras.
Preocupada em oferecer o melhor que pudesse ao cão, Paige buscou orientações sobre como cuidar do animal e, então, o adotou. O que a norte-americana não esperava, mas aconteceu, é que o cachorro se tornasse um importante apoio emocional para ela.
Recentemente, Tobi ganhou uma carrinho adaptado feito especialmente para ele por meio do qual consegue caminhar com mais facilidade. O equipamento foi comprado após uma campanha de arrecadação de fundos conseguir o valor necessário para adquiri-lo. Desde então, a movimentação do cachorro tem sido mais tranquila. Mas uma coisa é certa, mesmo quando ele não tinha o carrinho, já era feliz por ter uma família e muito amor.