Por Marcela Lagos (da Redação)
Após denúncia de violações e abusos de cães dentro do Presídio de Lurigancho, em San Juan de Lurigancho, no Peru, ativistas e protetores se mobilizam para resgatar os animais e tomar providências legais contra os responsáveis pelos crimes cometidos, e contra as autoridades responsáveis.
O presídio de Lurigancho é conhecido por ser um lugar bastante violento. Facções do crime organizado circulam livremente por diversas áreas do presídio, detentos despreocupados usam celulares que são proibidos próximos às torres de vigilância e, ausente do cumprimento de uma série de normas e protocolos, o lugar já foi chamado em reportagem especial da emissora local ATV (Andina de Televisión) de “terra de ninguém”.
A mobilização se iniciou através do Facebook, na última quinta-feira, 16 de abril, e conta com o apoio de organizações como Hocicos Abandonados (Focinhos Abandonados) e Grupo Caridad (Grupo Caridade). Foi criado um grupo de discussão para auxiliar a articulação e manter as pessoas informadas a respeito do que está acontecendo.
Tudo começou quando um dos policiais, cujo nome está sendo mantido em segredo para protegê-lo, procurou por seus superiores para relatar que teve de realizar o sacrifício de três cadelas muito feridas, vítimas de abusos sexuais constantes. Nenhuma providência foi tomada e a atitude omissa dos oficiais responsáveis fizeram com que os animais continuassem sendo torturados.
Entre os fatos levantados está o de que muitos cães, machos e fêmeas, que vivem nas ruas, além de outras espécies de animais, atraídos pela comida que lhes é oferecida, conseguem entrar no presídio e lá são presos e submetidos à barbárie dos detentos.
A denúncia de violações e demais abusos foi confirmada pela parente de um dos detentos. Ela também informou que isso não é uma prática recente, e que os presos que praticam tais atos alegam que os animais são suas mascotes para que os policiais não os retirem de lá.
Animais precisam ser resgatados
Num primeiro momento foi pedido ao policial denunciante que produzisse provas, como fotos e vídeos, para que se procedesse o inquérito e apuração dos fatos. Mas além da ajuda de organizações, os ativistas e protetores também conseguiram o suporte de um especialista, cujo nome e atribuição também serão mantidos em segredo por enquanto. Essa pessoa já adiantou que provas como fotos e vídeos não serão necessárias para que já possam ser tomadas as primeiras providências formais.
Além da grande mobilização pelos mais de 30 cães que estão confinados no presídio, ainda não se sabe ao certo que outras espécies, e em que quantidade, também precisarão ser resgatadas, recebendo atendimento médico e acolhimento em lares adotivos. Outras providências, como uma manifestação no próximo dia 23 e uma vigília em frente ao Congresso, que está prestes a votar um importante projeto de lei contra os maus-tratos animais, também estão sendo tomadas.
Uma das grandes preocupações dos ativistas e protetores no momento é a de que as autoridades se sintam pressionadas a ponto de juntar os animais, transportá-los de qualquer maneira e despejá-los em algum local distante para impedir as investigações. Algumas pessoas que vivem nas imediações do presídio de Lurigancho estão sendo chamadas para ficarem atentas, avisarem os demais imediatamente e filmarem qualquer movimentação nesse sentido.
Quem quiser acompanhar o desenrolar deste caso, pode acessar o grupo criado no Facebook “ALTO a las violaciones a perros en el PENAL DE LURIGANCHO”.