O conflito latente em torno do turismo de caça em Entre Ríos, na Argentina, aprofunda-se e a sua gestão por parte do governo provincial.
Agora, cinco organizações socioambientais apresentaram um pedido formal de acesso à informação pública à gestão de Rogelio Frigerio para que este explique as recentes autorizações para a matança de fauna nativa.
O foco da controvérsia é o turismo cinegético, uma atividade que o comunicado das ONGs define como “autorizada pelo Governo de Rogelio Frigerio, que traz caçadores estrangeiros para aniquilar animais autóctones“.
As organizações CEYDAS, Ayuda Animal, Conciencia Animal, Ecoguay Gualeguay e Luz del Ibirá não apenas exigem dados, mas também questionam a legitimidade das políticas provinciais.
Turismo de caça em Entre Ríos: que informação pedem as ONGs.
O pedido não é uma consulta geral, mas sim uma auditoria cidadã dirigida ao cerne da política ambiental do governo provincial.
O objetivo é auditar a base científica da Resolução Nº 0714/25, que autorizou a caça “esportiva” de diversas espécies de aves, e a Nº 1194/25, que permitiu a caça comercial do coipo.
Na carta formal, endereçada ao Ministro de Desenvolvimento Econômico, Guillermo Bernaudo, e patrocinada pela advogada Dra. Domínguez Cecilia I., as organizações exigem as seguintes informações cruciais:
- Estudos populacionais sobre anatídeos (patos), tinamídeos (perdizes) e sobre o coipo (Myocastor coypus);
- Cópia do enquadramento normativo completo que autorizou a caça, para analisar a sua coerência e rigor;
- Requisitos para a inscrição e funcionamento dos “cotos de caça”;
- Listagem de empresas de turismo cinegético inscritas nos últimos cinco anos;
- Localização georreferenciada de todos os terrenos onde operaram, permitindo mapear a pressão da caça no território;
- Cópia das fichas de contingentes de caça dos últimos cinco anos e registro e lista completa de caçadores habilitados;
- Detalhes sobre o pessoal e os veículos estatais destinados à fiscalização, para conhecer a capacidade real —ou falta dela— do Estado para controlar a caça.
A abrangência deste pedido baseia-se num sólido enquadramento legal que obriga o Estado a prestar contas, preparando o terreno para a próxima fase do reclamo.
Turismo de caça em Entre Ríos: o silêncio que preocupa
O que agrava a situação e explica a contundência do reclamo atual é o antecedente de opacidade governamental.
As organizações informam que este mesmo pedido já foi apresentado em 2024 à Direção de Fiscalização e Recursos Naturais.
No entanto, “nem sequer foi respondido”. Este silêncio administrativo prévio elevou as apostas.
Na sua nova apresentação, as ONGs advertiram que se reservam o direito de tomar ações judiciais contra o Governo se o ocultamento de informação se repetir.
Este ultimato transforma um pedido administrativo no prelúdio de um confronto nos tribunais, escalando o conflito para uma nova dimensão legal e política.
Fonte: Noticias Ambientales