Na intenção de coibir a farra do boi, que acontece com maior frequência durante a Semana Santa, órgãos e instituições de Santa Catarina organizam ações para impedir o evento.
A Polícia Militar implantou barreiras policiais nas regiões com maior índice de ocorrências. Lanchas também estão sendo usadas na tentativa de inibir grupos que transportam os animais pelo mar, em embarcações. Somente nesta semana o número de bois apreendidos foi 44 contra 57 em todo o ano passado.
Além dessas ações, câmeras com alcance de visão de até três quilômetros estão sendo usadas pela polícia neste ano para ajudar a fiscalização em locais estratégicos. Os equipamentos, instalados a uma altura de dez metros, podem gravar imagens em locais de difícil acesso. As imagens, além de serem usadas de forma preventiva, também servem como prova do crime de maus-tratos a animais, segundo a polícia.
A farra do boi é considerada crime desde 1997. Os envolvidos podem responder por maus-tratos a animais e pegar até um ano de prisão. O maior índice de ocorrências é registrado no período de Natal, Ano Novo, carnaval e quaresma.
Para a presidente da União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), Vanice Teixeira Orlandi, o comportamento da população contribui para que a lei não seja cumprida.
“Qualquer tipo de violência deveria ser punida. Principalmente quando essa violência é contra um ser que não tem como se defender. No estado de Santa Catarina acontecem as piores práticas de crueldade com os animais. A população sabe o que acontece, mas ninguém denuncia.”
Ferimentos
Os participantes da farra costumam usar objetos pontiagudos e facas para perfurar e cortar o animal. Em alguns casos, segundo Vanice, os olhos do boi são retirados e os chifres, cortados. “A população machuca tanto o boi que em alguns casos ele sangra até morrer. As pessoas olham, mas ninguém chama a polícia”, afirmou.
Cachorros também são machucados no evento, segundo Vanice. “Normalmente crianças usam esses animais porque eles são menores e mais fáceis de ferir.”
Animais são mortos depois do resgate
Todos os bois apreendidos pela polícia são encaminhados para a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), e, caso não estejam identificados, é motivo suficiente para serem mortos e terem a sua carne preparada para o consumo humano.
Com informações do G1
Nota da Redação: Assumindo a coerência do protocolo com que agem os policiais, que, ao apreenderem os animais, os entregam para o abate, poderíamos concluir que uma criança encontrada na rua, sem identificação, deve ser, da mesma forma, encaminhada para um triturador, onde ela será morta, e a sua carne poderá ser preparada para o consumo de outros seres? Ou seria mais digno que ela ficasse sob a tutela de alguém habilitado para atender às suas necessidades, e lhe oferecer abrigo, comida, cuidar de sua saúde até que tivesse plenas condições para levar uma vida digna? Destinar um boi para a abate é tão cruel quanto torturá-lo com objetos pontiagudos durante a perversa prática da farra do boi. Estamos diante de um beco sem saída? Onde estão a justiça e a solidariedade, a que deveria se prestar a polícia, ao matar um animal depois de salvá-lo? Absolutamente revoltante e incoerente.