Mais de 600 hectares foram destruídos pelas queimadas na Serra do Paredão, entre São Sebastião da Bela Vista e Santa Rita do Sapucaí (MG). Com tanta destruição, os animais têm procurado refúgio. Câmeras são usadas para registrar a movimentação deles. Vasilhas com água, ração e frutas foram colocadas na mata queimada.
“A ideia é fazer um levantamento e por isso as câmeras, porque não podemos ter pessoas aqui, que espantaria os animais. Mas a expectativa é grande, que os animais estão vindo e em poucos dias, em pouco tempo de preparo aqui da nossa equipe, nós vamos encontrá-los”, disse o ambientalista voluntário do Greenpeace, Guilherme Soares Pereira.
Do alto da serra fica evidente a dimensão do estrago causado pelo fogo. O paredão verde foi transformado em uma serra escura. Dentro da mata, vegetação seca, árvores destruídas e um solo cinza.
“Cerca de 1100 campos de futebol de área queimada e da reserva dos 315 hectares, foram mais de 160 hectares bem impactados”, disse o diretor de meio ambiente da prefeitura, Francisco Eduardo de Carvalho Costa.
Equipes da Secretaria de Meio Ambiente de Santa Rita do Sapucaí e voluntários avaliam o espaço para identificar os impactos causados pelo fogo e as condições da serra e da Reserva Biológica. Os pesquisadores avaliam principalmente a situação dos animais. Até o momento, apenas dois foram resgatados e encaminhados a clínicas veterinárias. Ainda pode demorar meses para ter dimensão dos impactos do incêndio nos animais.
“Na vertente Leste, o fogo foi realmente muito mais intenso e isso teve um prejuízo maior e uma dificuldade dos animais poderem fugir. Na vertente Oeste, que é o que fica para o lado de Santa Rita, a gente percebe que existe uma queimada mais baixa e a gente já conseguiu observar animais de topo da floresta já retornando”, disse o médico veterinário Alexandre Thomé da Silva Almeida.
Além dos impactos na fauna e na flora. Outra preocupação é com a água. Na Serra do Paredão existem sete nascentes que abastecem córregos, ribeirões e rios da região. O trabalho das equipes é também avaliar a situação dessas nascentes e a expectativa não é muito positiva, já que as queimadas reduzem também o volume das águas.
“O ecossistema saudável ele faz o que a gente chama evapotranspiração, então a gente precisa das raízes e das folhas em equilíbrio para que a gente tenha também o movimento da água do subsolo para a superfície. Quando se queima, esse ciclo é quebrado e também você evapora muita água do solo e ela não chega mais às minas. Então nós temos uma perda significativa do volume de água que mina do solo. Do jeito que estava, prejudicado de imediato, mais de 20 residências, mais de dez produtores e não vamos conseguir volume de água satisfatório para abastecer a cidade se realmente a seca vier”, disse o médico veterinário.
Segundo a Defesa Civil, apesar das chamas estarem controladas, ainda há chances de surgirem novos focos de incêndio.
Então, os sitiantes, as pessoas que moram próximo à reserva, as pessoas que estão passando, qualquer foco ou qualquer pinguinho de fogo lá dá um toque pra gente que a gente está correndo. A Defesa Civil está fazendo um trabalho de rescaldo, está percorrendo toda a área atingida para fazer essa contenção.
A Defesa Civil de Santa Rita do Sapucaí informou que já iniciou o planejamento do reflorestamento da área queimada. Para ter mais informações ou ajudar no trabalho das equipes, você pode entrar em contato pelo telefone (35) 3473-3200.
Fonte: G1